sábado, 21 de junho de 2008

Talento Fnac

A Fnac é uma bela de uma loja. Mesmo no que há música diz respeito, a Fnac continua a ser uma bela de uma loja. Não é com certeza um espaço especializado, mas começa a ter um catálogo diversificado e longe de ser superficial. E depois há os preços. Há lá discos caros - sobretudo os de importação, sem edição nacional -, mas, no geral, o diferencial de preços em relação a outras lojas abona bastante em seu favor. Lembro-me que uma vez encontrei por lá um CD da Beth Orton por 2 euros e noventa e tal cêntimos. Ontem, saí de lá com umas coisitas dos My Blood Valentine, dos Kraftwerk e dos Pixies - tudo por menos de 10 euros. Acredito que, por se tratar de uma multinacional, a Fnac tenha alguns privilégios por parte das editoras que não estão ao alcance de qualquer um, mas o mérito de uma boa selecção de discos e margens de lucro que só podem ser reduzidas em alguns casos, ninguém lhe tira. Ironicamente, cada vez mais a Fnac se tem revelado uma alternativa a outras discotecas supostamente mais atentas à coisa.
À saída, deparei-me com a edição de 2008 da compilação "Novos Talentos Fnac" - lançada esta semana em jeito de comemoração do décimo aniversário da chegada ao mercado nacional do grupo francês. Depois de no ano passado se terem revelado nomes que mais tarde acabaram por se confirmar (Mazgani, Sizo, Rita Redshoes, Deolinda, Sean Riley & The Slow Riders, Norberto Lobo, etc.), este ano volta-se a propor um conjunto de 30 canções nacionais, em disco duplo, escolhidas pelo Henrique Amaro. Já lhe passei uns ouvidos por cima e se é bem verdade que há ali muita coisinha para deitar fora, também há que reconhecer que estão lá alguns nomes a ter em conta. Destaca-se uma sólida série de projectos que vão claramente beber ao rock estrangeiro, mas o transportam para terreno nacional, não só pelo uso da língua portuguesa, mas também pela adopção e conjugação de certos instrumentos que lhes dão um travezinho bem tradicional. Neste campo, evidenciam-se Os Tornados, Os Pontos Negros, Peixe:Avião e Anaquim. Não sei até que ponto o slogan "o futuro da música portuguesa" não é pretensioso, mas vou estar atento de qualquer maneira.

9 comentários:

Planeta Pop disse...

Por acaso não concordo mesmo nada. Aliás, quanto mais o tempo passa, mais certezas tenho que a Fnac é tudo menos uma boa loja de discos (ainda é uma loja de discos?).
Cada vez encontro lá menos discos que me interessam. Cut Copy, Presets, The Teenagers e outros...nunca os vi por lá. Pelo menos pela Fnac de Almada. Alguém viu? E são apenas 3 exemplos. Podia citar tantos outros. O espaço em loja para os CDs é cada vez menor. Cada vez há menos oferta e variedade. Importações são cada vez menos e quando aparecem tem preços proibitivos.
Quanto a essa conversa das margens de lucros reduzidas, sem ofensa, mas só pode ser uma piada, certo? Em tempos trabalhei numa das maiores lojas de discos do país e sei bem quais são as margens de lucro de lojas como a Fnac sobre os preços dos CDs. Claro que quando certos produtos não vendem, em desespero, e para que estes não fiquem a ocupar espaço nas prateleiras, é preciso reduzir as margens de lucro, o que resulta em preços mais reduzidos. No entanto, se reparares bem, os discos em promoção (salvo raras excepções) são sempre os mesmos e das mesmas editoras. Pelo menos em Almada é assim.
A Fnac de hoje é uma sombra daquilo que foi no passado. Já entraste numa Fnac em Madrid ou Barcelona? Não há comparação possível na quantidade, diversidade e qualidade da oferta disponível. São mundos à parte.

Reconheça-se o seu trabalho em prol da divulgação dos novos talentos nacionais. E pouco mais...

Sinceramente, apesar de gostar muito do conceito das lojas fnac, prefiro comprar os meus discos noutros nas lojas de gente que gosta verdadeiramente de música. Há algumas dessas em Lisboa.

Abraços

João disse...

Austronauta,

Não acho que a Fnac seja uma má loja de discos porque tu não encontras lá as coisas que tu gostas. A Fnac não se restringe há secção de música alternativa.

A Fnac não é nem pretende ser uma loja especializada - para isso servem as discotecas como a Louie Louie, a CDGO, a Carbono, a Piranha... e mesmo essas deixam muito a desejar. No entanto, mesmo assim, e referindo-me às Fnacs que conheço (Norte Shopping e Santa Catarina, no Porto), começa-se a encontrar uma grande variedade de artistas e editoras... e olha que eu até sou bastante esquizitinho com algumas coisas.

E quanto ao preço, não me venham com coisas, porque a Fnac é claramente a loja que vende discos mais baratos. E digo isto com o à vontade de conhecer muito bem três discotecas bem conhecidas cá no Porto: a JoJo's (ou CDGO), a Louie Louie (que tem 2 espaços) e a Piranha. Já comprei centendas de CDs em todas e é certo que se têm um catálogo mais extenso (e mesmo esse...), ficam a perder em termos de preços. A diferença chega a ser de 5 euros em discos sem promoção.

E tudo isto já para não falar da promoção de bandas, de concertos, de sessões... Parece-me é que se quer que a Fnac seja uma coisa que não é...

Planeta Pop disse...

john,
a Fnac não é uma má loja de discos apenas porque não encontro lá as coisas que tu gosto?!?!? Mas é por isso mesmo que a Fnac é uma má loja de discos. Se não vende os discos que eu gosto e procuro, de que me serve? De que te serviria se não vendesse os discos que gostas? Farias lá compras? Não me parece. Exactamente por não vender os discos que eu gosto é que eu, cada vez, faço menos compras na Fnac.
Se a Fnac não tem uma boa secção de "música alternativa", de "dança" e, vá la, de "metal", então no que se diferencia das outras lojas? "A Fnac não pretende ser uma loja especializada". Ok, aceito. Mas, então, pretende ser o quê? Qual a sua utilidade para os melómanos, para tipos como nós que compram mais de 2 discos por ano?
Caraças, ainda há pouco tempo tive que pedir para me trazerem a edição em digipack do "Black Celebration", dos Depeche Mode, da Fnac de Barcelona, uma vez que cá nunca chegou. Achas isto normal? Não estamos a falar de uma banda "indie" qualquer, da Lapónia, estamos a falar dos Depeche Mode, uma banda que até vende discos. Se a Fnac não me oferece estas "mais valias", de que me serve? Se a Fanc só serve para vender as Floribelas e as Shakiras e apenas os discos que têm edição nacional, então o que a destinge dos Jumbos e afins? É o facto de ser um espaço mais agradável? So what?
Compraste os Kraftwerk, os My Bloody Valentine e os Pixies a um preço catita. E então? Discos dessa gente encontras a preços de saldo na Carbono ou na Louie Louie de Lisboa. Para que preciso eu de ir à Fnac para comprar bons discos a preços de saldo? Ainda no outro dia comprei o "Sign'O'The Times", do Prince, por 12 Euros na Cardono. Na Fnac de Almada, o mesmo disco custa 34 Euros. Achas isto normal? Epá, desculpa, mas eu não. Assim com também não acho normal o último disco dos Recoil custar 20 Euros (ainda por cima é a edição sem DVD), o "Natural Hustory", dos Talk Talk custar 20 e tal euros e por aí fora. Tinha dezenas de exemplos para dar.
Vamos deixar-nos de rodeios: a Fnac encontra-se numa posição líder no mercado e, como tal, abusa desse estatuto, tira partido do facto de não ter concorrência à altura. Podia perfeitamente vender os discos mais baratos e dispor de um catálogo muito mais vasto, mais atento aos gostos de gente como nós, que são no fundo quem ainda lhes compra discos. E olha que não é por não haver gente capaz e bem informada a trabalhar nas Fnacs.
Se vocês aí no Porto não tem alternativas há Fnac, isso é outra conversa. Em Lisboa, ainda vão havendo alternativas. E boas.

Abraços

João disse...

Astro,

Eu percebo o que tu estás a querer dizer, mas, neste caso, eu também te posso dar uma série de contra-exemplos... Eu digo isto precisamente porque tinha o hábito de comprar a maior parte dos discos na Louie Louie e na CDGO e, a determinada altura, comecei a comparar os preços e fiquei admirado porque alguns desses mesmíssimos discos estavam à venda na Fnac a preços relativamente mais baratos. Se eu tenho vários sítios onde posso comprar CDs e um deles é mais barato, não faz sentido comprá-los nesse local? É essa a lógica do mercado...

E a Fnac não é uma loja de discos, como era a Virgin ou a Valentim de Carvalho. Para além disso, como tu deves saber, eu não compro propriamente os álbums da Floribella e do Avô Cantigas. Estou minimamente atento às coisas que vão saindo e há uma carrada de discos recentes que estão lá à venda a bons preços.

Acho que na nossa diferença de opiniões tem por base a forma como olhamos para a Fnac. Eu não acho que a Fnac é ou sequer queira ser uma loja de discos com um catálogo exaustivo. Se isso acontecesse, acho que bem podiamos dizer adeus a essas outras lojas, como a carbono, a piranha ou a louie-louie. É precisamente isso que as mantem abertas. Eu acho é que nessas tais lojas também encontras discos que estão à venda na Fnac a um preço bem mais baixo. E é por isso que eu penso que a Fnac é uma boa loja: porque, apesar de não ter tudo, faz-me poupar uma série de euros com alguns discos.

Abraço!

Planeta Pop disse...

Pois é, John,
ainda bem que a Fnac satisfaz as tuas necessidades como melómano. As minhas (e as de muita gente que conheço) não satisfaz. Vou lá porque é um espaço agradável para passar algum tempo, vaguear pelos livros e, pelo meio, ver alguns CDs. O problema é que, cada vez mais, saio da Fnac de mãos a abanar. A Fnac não vende os discos que pretendo a preços razoáveis na altura em que estes são editados lá por fora. Ainda estou para ver quando tempo vai demorar a chegar à Fnac o álbum dos Black Ghosts...E o engraçado é que há uma porrada de discos antigos que pretendo adquirir e que é impossível encontrar na Fnac. Ou seja, mesmo o fundo-de-catálogo deles é miserável...Tenho de me virar para as lojas online para preencher as lacunas da minha discografia.
Curiosamente, quando a Fnac abriu em portugal, até oferecia um catálogo bastante razoável e tinha as novidades a tempo e horas. Não é o que acontece hoje me dia. Perante este cenário, jamais poderia considerar a Fnac uma boa loja de discos. Como te disse, em Lisboa tenho alternativas. Lamento que o melhor que vocês tenham no porto seja a Fnac. Significa que podiam estar muito melhor servidos.

Abraços

Anónimo disse...

Bem acho que andas bastante desactualizado em matérias de preços.. A CDGO tem de maneira geral os preços relativamente á Fnac mais baratos ou ao mesmo preço.
É preciso ter em atenção ás suas dimensões, por isso acho a Fnac uma enorme roubalheira, se comparares os preços que estão em promoção na Fnac também o estarão no JO-JO´S.cADA vez mais aprecio a Fnac nao como uma loja de musica, mais sim como um grande centro comercial com um marketing bem implementado e eficaz que ilude bem os nossos olhos.
Sou da mesma opinião,do astronauta, musica alternativa encontro-os mais fácilmente pelo site da CDGO do que pelo da Fnac!
Num dia em que estejas menos ocupado, faz uma pesquisa simlutanea no site da Fnac e da CDGO e compara preços e nomes!Depois comenta o resultado!
Fica bem* Apollo 4

João disse...

Astronouta,

Eu não disse ou não quis dizer isso, mas tudo bem. Eu acho que percebi o teu ponto de vista, tenho pena que não tenhas entendido o meu - provavelmente fui eu que não me expliquei bem. Mas não façamos disto uma querela mais profunda... o que interessa é que cada um ouça aquilo que gosta! Abraço e obrigado pelos teus comments :)

João disse...

Apollo 4,

Como eu já tinha explicado, é precisamente o facto de eu ter começado a comparar os preços que me levou a, de vez em quando, dar uma olhadela aos preços da Fnac e constatar que há lá coisas bem mais baratas do que na CDGO e outras lojas.

Disse isto sem qualquer tipo de interesses, apenas uma constatação baseada nos últimos álbuns que comprei (e, sim tive o cuidado de voltar a comparar os preços...). Mas acredito que o contrário também aconteça.. Pode ser que tenha tido sorte...

Abraço.

Planeta Pop disse...

John,

desculpa se interpretei mal as tuas palavras.

Não tens nada que agradecer.
Apreciei a "conversa".

Abraços para a "Inbicta".
Estarei aí na próxima semana.
Cheers.