segunda-feira, 16 de junho de 2008

DOIS EM UM

Numa entrada no blog do myspace já datada de Setembro de 2007, Steven Ansell, uma das metades dos Blood Red Shoes (a outra é Laura-Mary Carter), escrevia sobre aquilo que poderiamos esperar do debute da banda de Brighton: "no fucking love songs. it's some kinda monster". E não mentiu. Box Of Secrets, assim se chama o LP, é um verdadeiro tornado rock, veloz e demolidor. Praticamente sem paragens do início ao fim, matendo sempre uma energia e uma força contagiantes, é um álbum muitíssimo bem produzido, barulhento mas melódico, tão impulsivo quanto incisivo. Contudo, o seu título - a não ser que a escolha tenha sido irónica -, não poderia ser mais desajustado: cerca de 50% do alinhamento do álbum já era conhecido dos seguidores da dupla ("You Bring Me Down", "Say Something Say Nothing", "I Wish I Was Someone Better", "ADHD" e "It's Getting Boring By The Sea" são tudo singles previamente lançados). Não se trata, portanto, de uma "box of secrets" - antes de uma jogada pelo seguro que resulta de forma impecável, apesar de alguma previsibilidade. Sem ser um grande disco, é a confirmação dos Blood Red Shoes como mais um nome a reter do pop/rock actual, no mesmo campeonato de uns Young Knives ou de uns Operator Please. 16/20.
>>
"Box Of Secrets", Blood Red Shoes
(V2 - 2008)
>> Myspace - BRS


Logo nas primeiras audições, a impressão com que se fica é que Couples, o novo trabalho dos The Long Blondes, é claramente inferior a esse extraordinário e viciante conjunto de canções chamado Someone To Drive You Home (2006), o álbum de estreia deste quinteto inglês. Apesar de começar muitíssimo bem com "Century", um evidente desvio à sonoridade da banda até agora, onde se exploram sem pudor sintetizadores e outras ambiências marcadamente disco, os Long Blondes acabam por voltar a baralhar as cartas para tornar a dar o mesmo jogo. No entanto, não só na comparação com o seu antecessor Couples fica a perder: também como objecto isolado se revela uma verdadera desilusão. Indie manhoso e redondo, liricamente primitivo e musicalmente banal, como bem demonstram temas como "The Couples", "Nostalgia" ou "I'm Going To Hell". Depois de algumas escutas, "Guilt" e "I Liked The Boys" soam "menos mal", mas em momento algum se alcança o folgor e a emoção de temas anteriores dos Long Blondes como "Once And Never Again" ou "Giddy Stratospheres". 12/20.
>> "Couples", The Long Blondes (Rough Trade - 2008)
>> Myspace - Long Blondes

5 comentários:

Anónimo disse...

Discordo em relação aos Long Blondes, acho que é um disco mais equilibrado e ecléctico do que o primeiro, mesmo que a ruptura se concretize menos do que o excelente primeiro tema sugere. Mas acho que canções como essa, "Round the Hairpin" ou "Nosltalgia" fazem com que este seja um álbum convincente.

João disse...

Por acaso desta vez não me convenceram nada... achei aquilo tudo demasiado banal... Pode ser que se safem ao vivo, quem sabe.

M.A. disse...

Sem serem particularmente originais, os BRS são uma mistura explosiva de algumas bandas de boa memória (Elastica, Breeders, Nirvana). Só é pena que, para alguém que os segue desde a 1.ª parte, o disco não seja a tal "box of secrets", como muito bem dizes.

Outros que sigo desde sempre são os Long Blondes. Sobre este "Couples" só tenho a dizer que é mau demais para ser verdade...

M.A. disse...

Btw, os Operator Please são australianos.

* onde se lê "1.ª parte" deve ler-se "1.º s dias" :)

João disse...

Tens razão, erro meu. Mas era mesmo deles que eu queria falar, acho que têm alguns pontos em comum com os BRS, mas obviamente que só jogarão no mesmo campeonato numa competiçao internacional.

Obrigado pelo reparo - vou dar um toquezinho no texto.