quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Dor de cotovelo

Não pegou à primeira, mas o novíssimo single dos ELBOW, Grounds For Divorce, é uma das preferências aqui da casa nestes últimos dias. Esta é a faixa nº 4 de "The Seldom Seen Kid", o novo álbum destes britânicos que será lançado já no dia 17 de Março. Britpop negra e atormentada acompanhada por muito álcool e alguma violência, conforme se pode ver pelo vídeo, realizado por Dan Sully:


terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

"Vampire Weekend", Vampire Weekend (2008)

Confesso que compreendia (e continuo a compreender), tendo como únicas referências os video-clips dos singles entretanto lançados pelos VAMPIRE WEEKEND, o que aqui se dizia há uns tempos sobre esta nova banda vinda de Brooklyn, Nova Iorque. No entanto, depois de comprado e ouvido, o álbum homónimo dos Vampire Weekend acabou por se revelar uma supresa extraordinária. Junto-me, assim, oficialmente, aos que (com algum possível exagero, reconheço, ainda que de plena consciência) vêem nesta estreia uma verdadeira pérola pop/rock dos tempos recentes (não mais do que isso, um pequeno tesouro). É evidente que numa época em que todos os dias, a cada hora que passa, se forma mais uma banda de rock independente, pelo simples facto de ser impossível - mesmo entre as mais afamadas - conhecer todos os projectos a fundo não faz qualquer sentido atribuir rótulos de suprema "inovação" a quem quer que seja. A teia de influências destes grupos é de tal forma complexa e ramificada que é sempre possível dizer que x inovou mais que y, que por sua vez copiou w, que havia imitado z. E não haja dúvidas: os Vampire Weekend têm várias influências. Mas têm, também, o mérito dos vampiros: morder as pessoas certas, sugando algumas das suas melhores características, aglomerando tudo num único corpo elegante e musculado. Apontem o dedo às guitarradas à Strokes, aos devaneios à Clap Your Hands, à leveza à Belle & Sebastian, aos compassos rápidos à Arctic Monkeys e venham lá com a lenga-lenga do Paul Simon e dos Talking Heads. Esventrem a sonoridade dos Vampire Weekend até não restar uma ponta de originalidade própria e, ainda assim, há já algum tempo que um álbum não me soava tão estimulante e refrescante, tão surpreendente e original. "Vampire Weekend" causa, desde logo, boa impressão: é um álbum simpático, de canções bem polidas e sempre a descair para o lado mais pop e amigo do ouvido. E é, precisamente, nessa simplicidade que está o seu maior exotismo. Contudo, lá por trás, há um verdadeiro edifício de sons, com uma arquitectura limpa e moderna, ainda que reveladora de traços complexos e arriscados: curvilínea na exploração dos ritmos populares africanos, mais angulosa nas requintadas orquestrações quase-sinfónicas, tão vanguardista nas suaves camadas electrónicas como revivalista naquele rock alegre e ligeirinho. E por isso mesmo impressiona que, apesar da riqueza e da diversidade sonora, o produto final seja tão extraordinariamente agradável e homogéneo. Entre os curtos (mas acertados) 34 minutos de duração fervilham temas fabulosos, sendo possível destacar Oxford Comma, Cape Cod Kwassa Kwassa ou M79. Até agora, a revalação do ano. Venham outras! 18/20.

"Vampire Weekend", dos Vampire Weekend
Edição:
24 de Janeiro 2008 (XL)

Faixas:
Mansard Roof, Oxford Comma, A-Punk, Cape Cod Kwassa Kwassa, M79, Campus, Bryn, One (Blake's Got A New Face), I Stand Corrected, Walcott, The Kids Don't Stand A Change
Website: vampireweekend.com
MySpace:
myspace.com/vampireweekend
YouTube:
A-Punk, Mansard Roof

MIL PALAVRAS #6

Cansei de ser sexy
por Danny Worth (NME, 2008)

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Do avesso

Os ZOOT WOMAN têm disponível no seu myspace uma cover de Seven Days, um original de Craig David. O que é o mesmo que dizer que estes britânicos tornaram uma grande banalidade do rnb numa pequena pérola electro-pop. É um muito curioso exercício desta extraordinária banda, cujo novo álbum (a sair ainda este ano), que aqui muito se aguarda, de acordo com a wikipedia, terá o título de "Things Are What They Used To Be" (esperemos que sim). A canção pode ser ouvida a acompanhar este vídeo de uma viagem dos Zoot Woman ao México, em 2006:

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Um bom rumo

Aqui há uns meses atrás uma das minhas mais frequentes queixinhas bairristas era a da falta de uma boa rádio no Porto para ouvir, sobretudo, nas muitas horas que passo dentro do carro. A primeira coisa que faço quando chego a Lisboa é sintonizar a frequência da Radar ou da Oxigénio e na minha cidade bem que tenho que gramar com a "irreverência" da Antena 3. No entanto, não sei se será só impressão minha, uma vez que não são assim tantas as vezes que vou à capital, mas sempre notei alguma exaustão na repetição das playlists semanais, sobretudo na Radar, e alguma carência de diversidade nos programas propostos, quase sempre centrados na cena indie mais ou menos alternativa. Pois bem, hoje em dia (com um atraso imperdoável, eu sei), já não quero radares nem oxigénios. Tenho a RUM - Rádio Universitária do Minho - que é a resposta para praticamente todos as minhas preces radiofónicas. Razões: playlists surpreendentes e em constante rotação, combinando as últimas "tendências" com temas que eu próprio provavelmente não teria coragem para pôr no ar; locutores jovens e sem duas manias insuportáveis: a de que têm piada e a de que percebem muito de música; uma programação altamente heterógenea que vagueia entre os mais diversificados estilos, do jazz à bossanova, da música negra à electrónica experimental, passando, claro, pelos indie rocks e as pops alternativas do costume; e ainda um destaque para a informação, sobretudo política e económica, que se destaca pela qualidade e a acessibilidade. Contudo, nada é perfeito: no Porto, nem todos os sítios apanham a frequência da RUM e, às vezes, estamos todos muito bem a ouvir uma esquisitice qualquer e, pumba, lá começa o raio da interferência, que, por vezes, se torna insuportável ao ponto de estragar por completo uma melodia perfeita de um Rufus ou de uma Patti. Paciência, faz-se um desvio no caminho até ao rumo certo.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Clubbing para todos

Um ano depois, o Clubbing, uma das mais criativas ideias de aproximação do público ao local da cultura, que se realiza uma vez por mês, ao sábado, na Casa da Música do Porto, está cada vez mais concorrido. Com a chegada do novo ano vieram também algumas diferenças significativas. Agora, o Clubbing já não é no primeiro sábado de cada mês, é mais lá para o meio. Já não se pode fumar lá dentro. Já não se pode andar livremente pelos bares e pelos corredores - há que pagar 5 euros com direito a uma mui festivaleira pulseirinha da Optimus e a uma bebida de oferta (mas só um fino ou um suminho, ora pois). Já não se consegue conversar direito - a elevação do som não o permite. Já não se consegue caminhar - a quantidade de pessoas é impressionante, tanto lá dentro como na escadaria cá de fora, onde se apinham dezenas de pessoas (eu incluido), ao frio, que se estão nas tintas para os cancros dos pulmões e os ataques cardíacos. Mas continua a poder-se dançar, muito, sempre, em todo o lado, nos corredores, nos bares, nos quartos de banho, nas pequenas salas, lado a lado com perfeitos desconhecidos. Os concertos mais esperados, esses, continuam a ser reservados a quem quer pagar mais e, sobretudo, a quem se apressa, uma vez que esgotaram nas duas primeiras edições de 2008. Ainda assim é bom ver aquele edifício maravilhoso cheio de gente, de vida, de alegria. O Clubbing não é só para as "elites alternativas" que gostam de achar que são os únicos legítimos frequentadores de determinados espaços que tomam como "seus". O Clubbing é para todos - os das elites e os das não elites. É para os freaks e os betos. Os grunhos e os rastas. Os gays e os heteros. E ainda bem que assim é. Ficamos bem todos juntos.

(Foto reterida do blog bemcomum.blogspot.com)

domingo, 17 de fevereiro de 2008

"This Gift", Sons & Daughters (2008)

À primeira audição, "This Gift" é um álbum frágil, que parece não ter grande rumo nem fazer grande sentido, perdendo muita da energia explosiva que os SONS & DAUGHTERS revelam em palco. À segunda audição, já aquelas melodias começam a entrar no ouvido, teimando em não querer sair. E não é preciso muito mais: nas escutas seguintes, rebobina-se a primeira impressão e aquelas canções já estão de tal forma emaranhadas da ponta da língua até à ponta dos pés que dificilmente se conseguem apontar falhas a algumas delas. É o problema deste nosso sistema auditivo, que se acomoda, que se habitua, e depois nos põe a trautear coisas às quais tinhamos inicialmente torcido o nariz. Mas as primeiras impressões contam - aliás, todas as impressões contam - e se é verdade que Gilt Complex, The Nest, The Bell, House In My Head e por aí adiante são faixas que já coabitam confortavelmente na minha memória de médio-longo prazo, também não deixa de ser verdade que "This Gift", no seu todo, tem várias falhas. É que se a opção de não encharcar aquele rock ágil e directo com engenharias muito electrónicas - preservando a genuinidade das guitarras e das baterias - parece ter sido certeira, em vários momentos quase que fica a sensação do álbum ter sido gravado ao vivo - o que seria um aspecto positivo não fossem, em primeiro lugar, os demasiados fades existentes entres as faixas que acabam por cortar muito a dinâmica e a continuidade das canções e, em segundo lugar, alguma notória falta de energia (a garra vocal de Adele, por vezes, não é suficiente). Liricamente, o disco não é um primor e peca também por alguma escassez na diversidade musical, acabando sempre por rodar em volta de si mesmo. No entanto, é impossível não simpatizarmos com estes escoceses. "This Gift" pode não ser o álbum perfeito - está longe disso -, mas é, sem dúvida, um álbum sincero, simples e descomplicado que vai, com toda a certeza, ser banda sonora obrigatória de várias noites de folia e diversão, com muito vinho à mistura. Portanto, mesmo sendo já este o terceiro LP dos SONS & DAUGHTERS (e tendo ainda em conta que foi produzido por Bernard Butler), ainda não foi este o álbum da ruptura, da consagração do inegável talento destes tipos - ainda que fique a convicção de que, da próxima, eles vão acertar em cheio. 14/20.

"This Gift", dos Sons & Daughters
Edição: 28 de Janeiro 2008 (Domino)
Faixas: Gilt Complex, Split Lips, The Nest, Rebel With The Ghost, Chains, This Gift, Darling, Flags, Iodine, The Bell, House In My Head, Goodbye Service
Website: sonsanddaughtersloveyou.com
MySpace: myspace.com/sonsanddaughters
YouTube: Darling, Gilt Complex

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Espelho meu, espelho meu...

Estes tipos não falham - é impressionante. Infelizmente, elogiá-los tornou-se quase um lugar-comum e já não é cool dizer que eles são a melhor banda do mundo. Lixe-se. Aqui ainda se acha que os ARCADE FIRE são a coisa mais importante que apareceu por aí nos últimos tempos. E acabam de lançar um novo vídeo para esse tema glorioso que é Black Mirror. Vale a pena vê-lo num formato inovador disponível no site neonbible.com, onde a interactividade vai ao ponto de nos permitir brincar com o som da canção através do teclado. Como é lógico, já alguém o tratou de converter num ficheiro de vídeo e o colocou a rodar em tubos - perde-se o controlo do audio, mas ganha-se uma bela curta metragem: