"Vampire Weekend", Vampire Weekend (2008)
Confesso que compreendia (e continuo a compreender), tendo como únicas referências os video-clips dos singles entretanto lançados pelos VAMPIRE WEEKEND, o que aqui se dizia há uns tempos sobre esta nova banda vinda de Brooklyn, Nova Iorque. No entanto, depois de comprado e ouvido, o álbum homónimo dos Vampire Weekend acabou por se revelar uma supresa extraordinária. Junto-me, assim, oficialmente, aos que (com algum possível exagero, reconheço, ainda que de plena consciência) vêem nesta estreia uma verdadeira pérola pop/rock dos tempos recentes (não mais do que isso, um pequeno tesouro). É evidente que numa época em que todos os dias, a cada hora que passa, se forma mais uma banda de rock independente, pelo simples facto de ser impossível - mesmo entre as mais afamadas - conhecer todos os projectos a fundo não faz qualquer sentido atribuir rótulos de suprema "inovação" a quem quer que seja. A teia de influências destes grupos é de tal forma complexa e ramificada que é sempre possível dizer que x inovou mais que y, que por sua vez copiou w, que havia imitado z. E não haja dúvidas: os Vampire Weekend têm várias influências. Mas têm, também, o mérito dos vampiros: morder as pessoas certas, sugando algumas das suas melhores características, aglomerando tudo num único corpo elegante e musculado. Apontem o dedo às guitarradas à Strokes, aos devaneios à Clap Your Hands, à leveza à Belle & Sebastian, aos compassos rápidos à Arctic Monkeys e venham lá com a lenga-lenga do Paul Simon e dos Talking Heads. Esventrem a sonoridade dos Vampire Weekend até não restar uma ponta de originalidade própria e, ainda assim, há já algum tempo que um álbum não me soava tão estimulante e refrescante, tão surpreendente e original. "Vampire Weekend" causa, desde logo, boa impressão: é um álbum simpático, de canções bem polidas e sempre a descair para o lado mais pop e amigo do ouvido. E é, precisamente, nessa simplicidade que está o seu maior exotismo. Contudo, lá por trás, há um verdadeiro edifício de sons, com uma arquitectura limpa e moderna, ainda que reveladora de traços complexos e arriscados: curvilínea na exploração dos ritmos populares africanos, mais angulosa nas requintadas orquestrações quase-sinfónicas, tão vanguardista nas suaves camadas electrónicas como revivalista naquele rock alegre e ligeirinho. E por isso mesmo impressiona que, apesar da riqueza e da diversidade sonora, o produto final seja tão extraordinariamente agradável e homogéneo. Entre os curtos (mas acertados) 34 minutos de duração fervilham temas fabulosos, sendo possível destacar Oxford Comma, Cape Cod Kwassa Kwassa ou M79. Até agora, a revalação do ano. Venham outras! 18/20.
"Vampire Weekend", dos Vampire Weekend
Edição: 24 de Janeiro 2008 (XL)
Faixas: Mansard Roof, Oxford Comma, A-Punk, Cape Cod Kwassa Kwassa, M79, Campus, Bryn, One (Blake's Got A New Face), I Stand Corrected, Walcott, The Kids Don't Stand A Change
Website: vampireweekend.com
MySpace: myspace.com/vampireweekend
YouTube: A-Punk, Mansard Roof
3 comentários:
É um produto musical cujas origens podem ser verdadeiramente e descaradamente copiadas, mas cujo resultado final encanta.
E conseguiram rimar "Reggaton"..."Vuitton"..."Benetton"...
Abraço
E conseguiram-no com uma pinta do caraças. Não basta "copiar", é preciso saber fazê-lo e, sobretudo, saber fazê-lo de forma a criar algo original. Não é tarefa fácil, mas estes tipos estudaram muito bem a lição!
ESPERO UM GRANDE CONCERTO.PARABENS PELO TEU MUITO BOM BLOG
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