CLUBBING: Lightspeed Champion + Young Marble Giants + Vampire Weekend + These New Puritans
O Clubbing de ontem, em colaboração com o festival espanhol Primavera Sounds, era certamente um dos mais ansiados de sempre. Não só por incluir no cartaz 3 das grandes revelações (leiam-se hypes) deste ano - Lightspeed Champion, Vampire Weekend e These New Puritans - mas também por trazer pela primeira vez a Portugal os recém reunidos Young Marble Giants. Uma verdadeira mistura de gerações, tanto em palco como no público. Apesar de esgostado à vários meses é de louvar, contudo, um notório controlo do número de bilhetes emitidos pela organização que permite, finalmente, que se possa circular mais à vontade nos corredores da CdM e nas próprias salas.
Lightspeed Champion. Com o seu grande e indiscreto gorro de esquimó, Lightspeed Champion tinha em mãos a difícil e ingrata tarefa de abrir para os Young Marble Giants, naquela que foi a primeira actuação da noite, na magnífica Sala Suggia da CdM - para mim a melhor sala nacional, a todos os níveis. Acompanhado por uma banda jovem e muitíssimo simpática - de onde se destaca o violinista, responsável pela maior marca identitária da sonoridade do grupo -, LC percorreu alguns temas do seu álbum de estreia, Falling Of The Lavender Bridge, e ainda uma ou outra canção nova (incluindo uma tocada pela primeira vez ao vivo - e a mais fraca do rol apresentado, por sinal). Apesar do inegável talento para a música, contudo, LC não é propriamente um artista extraordinário, o seu álbum não é nada do outro mundo e isso, inevitavelmente, nota-se em palco. Ainda assim, soube estar, soube entreter e fechou a actuação com uma magnífica reinterpretação do seu tema de maior sucesso, "Midnight Surprise", deixando a versão do disco a léguas de distância.
Young Marble Giants. Muito provavelmente - e a ver pelas dezenas de pessoas que abandonaram o concerto a meio - a primeira actuação dos YMG em território nacional não agradou a toda a gente. Eu cá fiquei encantado. Notoriamente envelhecidos - o baterista, por exemplo, mal se podia mexer devido a um problema nas costas -, mas portadores de uma simpatia e de uma serenidade genuina e resplandecente, a banda, formada em 1978, percorreu os temas do seu único álbum editado até hoje, Colossal Youth, e ainda nos brindaram com dois temas novos no final. Naquela pop minimalista apoiada na voz cândida da vocalista Alison Statton, no órgão de Stuart Moxham e ainda numa discreta caixa de ritmos, mas também com alguns traços de contido pós-punk, a banda mostrou porque ainda hoje é uma referência para tanta gente. Sorridentes e comunicativos - ficamos a saber que, em 1981, Moxham esteve em Portugal para receber um prémio por Colossal Youth ter sido o álbum internacional mais vendido no nosso país - tiveram uma performance iluminada e muito equilibrada. Com paragens para pequenas conversas entre cada um dos curtíssimos temas, em pouco mais de uma hora - incluindo um pequeno encore - os YMG inundaram aquela sala deslumbrante de magia e beleza. Velhos mas bons.
Vampire Weekend. Eram a grande atracção da noite, mas para minha grande surpresa foram os primeiros a pisar o palco da Sala 2 - antes, portanto, dos These New Puritans, que acabaram por fechar o Clubbing. Já aqui disse que - tal como para muitos outros e, sabe-se lá porquê, para irritação de outros tantos - os Vampire Weekend são uma das descobertas do ano para mim. Mas não me surpreenderam. Irradiam simpatia, têm inegável destreza musical, mas limitaram-se a fazer o que lhes competia - entreter -, não defraudando expectativas, mas também não as superando. Mesmo assim, este foi, de longe, o concerto mais festejado e concorrido da noite, apesar de não ter durado mais de 45 minutos - como os próprios reconheceram, também não tinham material para mais. Tocaram as decoradíssimas "Mansford Roof", "M79", "Cape Cod Kwassa Kwassa", "Oxford Comma", "One (Blake's Got A New Face)" e fecharam o concerto sob uma memorável chuva das barras fluorescentes que a Optimus distribuia à entrada.
These New Puritans. Já aqui tinha dito que ia estar de pé atrás no concerto dos These New Puritans, depois de ter escutado o fraquinho Beat Pyramid. No entanto, quanto a mim, foram a revelação desta edição do Clubbing. Apoiaram-se sobretudo nos temas mais dançáveis do LP de estreia, deixando de lado os momentos mais dispersos e desiquilibrados, numa actuação forte e que transcendeu a todos os níveis a sonoridade de estúdio, adquirindo ao vivo uma intensidade e um negrume muito mais musculados do que em álbum. Era notório que o público não estava, na sua maioria, familiarizado com os temas - à excepção da incontornável "Elvis" - e o concerto infelizmente ficou marcado por uma desnecessária mosh da rapaziada da frente que chamou a atenção dos seguranças e acabou por desviar a atenção da actuação. Mas conseguiram-me convencer, excedendo largamente aquilo que eu estava à espera. Como se sabe, às vezes até é melhor ter as expectativas em baixo para depois as rever em alta. Foi o caso.
>> Sobre este assunto noutros blogs: Ar de Rocker, Pa Lamber
Lightspeed Champion. Com o seu grande e indiscreto gorro de esquimó, Lightspeed Champion tinha em mãos a difícil e ingrata tarefa de abrir para os Young Marble Giants, naquela que foi a primeira actuação da noite, na magnífica Sala Suggia da CdM - para mim a melhor sala nacional, a todos os níveis. Acompanhado por uma banda jovem e muitíssimo simpática - de onde se destaca o violinista, responsável pela maior marca identitária da sonoridade do grupo -, LC percorreu alguns temas do seu álbum de estreia, Falling Of The Lavender Bridge, e ainda uma ou outra canção nova (incluindo uma tocada pela primeira vez ao vivo - e a mais fraca do rol apresentado, por sinal). Apesar do inegável talento para a música, contudo, LC não é propriamente um artista extraordinário, o seu álbum não é nada do outro mundo e isso, inevitavelmente, nota-se em palco. Ainda assim, soube estar, soube entreter e fechou a actuação com uma magnífica reinterpretação do seu tema de maior sucesso, "Midnight Surprise", deixando a versão do disco a léguas de distância.
Young Marble Giants. Muito provavelmente - e a ver pelas dezenas de pessoas que abandonaram o concerto a meio - a primeira actuação dos YMG em território nacional não agradou a toda a gente. Eu cá fiquei encantado. Notoriamente envelhecidos - o baterista, por exemplo, mal se podia mexer devido a um problema nas costas -, mas portadores de uma simpatia e de uma serenidade genuina e resplandecente, a banda, formada em 1978, percorreu os temas do seu único álbum editado até hoje, Colossal Youth, e ainda nos brindaram com dois temas novos no final. Naquela pop minimalista apoiada na voz cândida da vocalista Alison Statton, no órgão de Stuart Moxham e ainda numa discreta caixa de ritmos, mas também com alguns traços de contido pós-punk, a banda mostrou porque ainda hoje é uma referência para tanta gente. Sorridentes e comunicativos - ficamos a saber que, em 1981, Moxham esteve em Portugal para receber um prémio por Colossal Youth ter sido o álbum internacional mais vendido no nosso país - tiveram uma performance iluminada e muito equilibrada. Com paragens para pequenas conversas entre cada um dos curtíssimos temas, em pouco mais de uma hora - incluindo um pequeno encore - os YMG inundaram aquela sala deslumbrante de magia e beleza. Velhos mas bons.
Vampire Weekend. Eram a grande atracção da noite, mas para minha grande surpresa foram os primeiros a pisar o palco da Sala 2 - antes, portanto, dos These New Puritans, que acabaram por fechar o Clubbing. Já aqui disse que - tal como para muitos outros e, sabe-se lá porquê, para irritação de outros tantos - os Vampire Weekend são uma das descobertas do ano para mim. Mas não me surpreenderam. Irradiam simpatia, têm inegável destreza musical, mas limitaram-se a fazer o que lhes competia - entreter -, não defraudando expectativas, mas também não as superando. Mesmo assim, este foi, de longe, o concerto mais festejado e concorrido da noite, apesar de não ter durado mais de 45 minutos - como os próprios reconheceram, também não tinham material para mais. Tocaram as decoradíssimas "Mansford Roof", "M79", "Cape Cod Kwassa Kwassa", "Oxford Comma", "One (Blake's Got A New Face)" e fecharam o concerto sob uma memorável chuva das barras fluorescentes que a Optimus distribuia à entrada.
These New Puritans. Já aqui tinha dito que ia estar de pé atrás no concerto dos These New Puritans, depois de ter escutado o fraquinho Beat Pyramid. No entanto, quanto a mim, foram a revelação desta edição do Clubbing. Apoiaram-se sobretudo nos temas mais dançáveis do LP de estreia, deixando de lado os momentos mais dispersos e desiquilibrados, numa actuação forte e que transcendeu a todos os níveis a sonoridade de estúdio, adquirindo ao vivo uma intensidade e um negrume muito mais musculados do que em álbum. Era notório que o público não estava, na sua maioria, familiarizado com os temas - à excepção da incontornável "Elvis" - e o concerto infelizmente ficou marcado por uma desnecessária mosh da rapaziada da frente que chamou a atenção dos seguranças e acabou por desviar a atenção da actuação. Mas conseguiram-me convencer, excedendo largamente aquilo que eu estava à espera. Como se sabe, às vezes até é melhor ter as expectativas em baixo para depois as rever em alta. Foi o caso.
>> Sobre este assunto noutros blogs: Ar de Rocker, Pa Lamber
1 comentário:
É curioso como as nossas opiniões são opostas em relação aos These New Puritans, confesso que prefiro em disco e os achei fraquinhos ao vivo... ainda que tenha sido dos poucos que até gostou bastante do concerto.
Os Vampire Weekend fizeram exactamente aquilo que era suposto fazerem, tal como dizes. E ficará na história a chuva das barras laranjas - qualquer dia Portugal fica conhecido como o país onde toda a gente manda coisas para o palco! lol
Saudações
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