segunda-feira, 26 de maio de 2008

"Sea Lion", The Ruby Suns (2008)

2007 foi um ano interessante para a música, sobretudo por ter colocado nas bocas do mundo uma série de projectos - alguns debutantes, outros que encontraram ali maior exposição - que se caracterizam por fazer uma excelente leitura de géneros próximos do folk através de algumas linguagens típicas da pop. Shins, Beirut, New Pornographers, Iron & Wine, Band Of Horses ou Arcade Fire foram responsáveis por alguns dos mais falados e entusiasmantes álbuns editados no ano passado. Sea Lion, o segundo LP dos neo-zelandezes Ruby Suns, começa por parecer mais um excelente exemplo de uma incursão por esses caminhos, mas acaba por se revelar um exercício bem mais experimental - o que o afasta, desde logo, do consumo de massas dessas bandas - mas não menos interessante.
As primeiras quatro faixas são as de audição mais fácil devido a uma sonoridade bem preenchida, aparentemente inspirada em sonoridades tribais africanas, onde não faltam cânticos e orquestrações de encher o ouvido. Até aqui - e depois de escutados temas como "Oh, Mojave" ou "Tane Mahuta" (esta de tal forma cativante que ninguém diria que é cantada na língua dos indígenas da Nova Zelândia, o Maori) - este Sea Lion poderia muito bem ser o álbum preferido de uns milhares de miúdos com um corte de cabelo estranho, calças justas e sapatilhas All Star. Mas canções como "It's Mwangi In Front Of Me" ou "Ole Rinka" provavelmente afastá-lo-ão das grandes multidões. Recorrendo a uma série barulhos, sons captados na natureza - que agradarão, com certeza, a fãs permissivos de Animal Collective ou de Coco Rosie - e outros instrumentos mais ou menos improvisados, a aparatosa alegria inicial por vezes desemboca em momentos de relativa experimentação onde se exploram outros ambientes e sensações mais estranhos e misteriosos, nunca se perdendo, contudo, o fio à meada.
Tanto lirica como instrumentalmente, a banda aborda uma série de temas relacionados com a Natureza e o meio que a rodeia, o que se reflecte numa pop orgânica e florescente. Apesar de não ser genial, Sea Lion é um álbum extremamente agradável e de rara beleza e placidez, que acaba por se distinguir de outros trabalhos deste estilo precisamente devido a algumas curiosas conjugações de vozes, letras e instrumentos que o afastam de qualquer convenção previamente estabelecida. Uma excelente surpresa. 16/20.

Sea Lion, dos The Ruby Suns
Edição: 4 de Março 2008 (SubPop)
Faixas: Blue Pengui, Oh, Mojave, Tane Mahuta, There Are Birds, It's Mwangi in Front of Me, Remember, Ole Rinka, Adventure Tour, Kenya Dig It?, Morning Sun
MySpace: myspace.com/therubysuns
YouTube: Tane Mahuta, Oh, Majave - La Blogotheque

>> Sobre este tema noutros blogs: Baixa Fidelidade, Pop e Circunstância

1 comentário:

Shumway disse...

Em sintonia :-)

Abraço