terça-feira, 16 de outubro de 2007

"This Is Forever", She Wants Revenge (2007)

As primeiras impressões são sempre importantes, mas nunca devem ser decisivas. O primeiro álbum (homónimo) dos She Wants Revenge não foi, por aqui, um amor à primeira vista. Aqueles beats negros concebidos in vitro através de células estaminais dos Joy Division e dos Depeche Mode, através de um método científico rigoroso e inovador, não foram logo aceites pelo meu ouvido manhoso, mas umas escutas mais atentas fizeram do debut do duo americano um dos mais excitantes registos de 2005. Com este This Is Forever, e mesmo que anulado o efeito surpresa, aconteceu o mesmo na primeira audição. Pela experiência anterior decidi dar-lhe o benefício da dúvida - esforcei-me, ouvi-o várias vezes, andei à caça de pérolas escondidas, mas não há mesmo volta a dar: o novo dos She Wants Revenge é uma desilusão absoluta, uma queda abrupta e aparatosa. Não surpreendendo em nenhuma das suas 13 faixas (mais um bónus), fica a léguas do folgor das primeiras canções que a banda nos apresentou. É que se dantes se tinha conseguido uma exemplar ambiência rivalista que funcionava do princípio ao fim com uma consistência inabalável, o novo álbum apresenta-se como um conjunto disforme e disconexo de canções. Apostam-se em instrumentações mais rebuscadas, mas os pianos, as guitarras acústicas e as restantes cordas que se juntam à maquinaria electrónica do costume surgem como intrusos pontuais e desenquadrados. E nem a muito característica voz de Justin Warfield dá algum alento às canções - pelo contrário, trata-se de um álbum excessivamente palavroso que volta a abordar, sem qualquer evolução, os mesmíssimos problemas amorosos sobre os quais já tínhamos ouvido falar há dois anos atrás. Melodias fáceis e enjoativas, temas previsíveis e descaracterizados são o prato forte deste This Is Forever: She Will Always Be A Broken Girl, This Is The End ou Replacement são bons exemplos da perguiça dos She Wants Revenge em desenvolver e aperfeiçoar uma sonoridade única e muito característica que tinha todo o potencial para originar um segundo álbum à altura. Salvam-se Written in Blood, True Romance e Checking Out, que, contudo, ficam aquém de qualquer tema da estreia de 2005 e, portanto, não chegam para salvar esta vingativa noiva de véu negro do divórcio litigioso. Motivo? Diferenças irreconciliáveis. Agora somos nós que queremos vingança. 10/20.

This is Forever, dos She Wants Revenge
Edição: 12 de Outubro 2007 (Geffen)
Faixas: First Love, Written In Blood, Walking Away, True Romance, What I Want, It's Just Begun, She Will Always Be A Broken Girl, This is The End, Checking Out, Pretend The World Has Ended, Replacement, All Those Moments, Rachael, ...And A Song For Los Angeles (Faixa Bónus)
MySpace: myspace.com/shewantsrevenge
Youtube: True Romance, Written In Blood

2 comentários:

Planeta Pop disse...

Sinceramente, não me parece que o disco seja assim tão mau quanto o pintam. Penso até que a segunda metade do disco é bastante interessante. E tenho a certeza absoluta que daqui uns tempos "toda a gente" vai estar a cantorolar temas como "Cheking Out", "This Is The End" e "Walking Away". O primeiro disco sofreu o mesmo tipo de resistências.
"This Is Forever" não traz nada de novo? Claro que não. E, por exemplo, o "In Rainbows", será que traz? Não me parece. E, no entanto, não deixa de ser um belo disco. Mas, claro, trata-se dos Radiohead...Desculpa-se tudo, certo?
Abraços.

João disse...

Astronauta,

É precisamente por eu gostar muito dos SWR, por ter ganho uma admiração muito grande por eles depois da estreia que agora fiquei tão desencantado com o disco - trata-se de uma opinião pessoal, sem qualquer tipo de "embirração" ou coisa que se pareça. Ainda assim, acho que, globalmente, é um álbum fraco e desiquilibrado - independentemente do termo de comparação (mas é evidente que, tendo em conta a excelência do debut, a queda é mais aparatosa).

Quanto aos Radiohead, acho até que eles, depois do OK Computer, foram demasiado massacrados tendo em conta a importância que tiveram no panorama musical (de que eu falei no post anterior). Mas também te vou ser sincero... por muito que eu goste dos SWR, não lhes reconheço a qualidade e a importância dos Radiohead. Assumo isso... e talvez seja essa a razão para que muita gente lhes dê um "crédito especial"... Ainda não ouvi o In Rainbows como deve ser, mas se achar que não está altura, cá estarei para lhes dar pancada...

Abraço maior!!