O espectáculo da violência
Vou pouquíssimo ao cinema. Gostava de ir mais vezes, mas, não sem bem porquê - e não é só por falta de tempo -, acabo sempre afastado das salas. Este fim-de-semana decidi ir ver o Brincadeiras Perigosas. Não vi o original de 1997, também realizado por Michael Haneke, não conheço a obra deste alemão e, por isso mesmo, as críticas que tenho lido sobre o filme dizem-me pouco. Enquanto objecto isolado, pareceu-me, mais do que um desconcertante exercício sobre a violência gratuita, um extraordinário espelho sobre a nossa própria natureza, muito mais incisivo do que qualquer outro deste género que tenha visto. Saí de lá, perturbado, a perguntar-me porque raio é que eu estava a gostar de ver aquela inocente família a ser morta impiedosamente por 2 jovens sem motivo algum. É assim - intrigado - que eu gosto de sair e isso fez-me querer voltar mais vezes.
2 comentários:
é muito bom!
também vi o de 97.
é extremamente parecido se bem que preferia a junção do actor alemão - Ulrich Mühe: o mesmo de 'The Lives of Others' que faleceu no ano passado (desconfio que tenha ganho alguns prémios póstumos) - e da actriz norte-americana - a Naomi Watts, fica sempre bem.
Obrigada por passares pelo my mind is not right.
Prometo também ser visita assídua do teu cantinho. ;)
Eu confesso que gostei q.b mas esperava o "espectaculo" o "entretenimento" que uma das personagens menciona no filme. Achei mediano, o que é estranho para um filme do Haneke que nunca nos deiza indeferente, olha o «A Pianista» ou o mais recente «Caché», filmes de um negrume e uma acidez brutais e que não tem intenção nenhuma de passar a mão na cabeça do espectador. Haneke diz que fez os filmes para quem não o tinha visto, os norte-americanos, acho que ele fez um filme de 1997 e não de 2008 e vai continuar assim, sem ninguém ver.
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