FESTIVAIS: Surf Fest '08
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>> 1º dia: 14 de Agosto
Apesar do lançamento do novo álbum de originais continuar a ser consecutivamente adiado, os Massive Attack decidiram este Verão regressar aos palcos, pelo que esta era uma oportunidade única, não só para os voltar a ouvir, mas também para dar uma espreitadela para o que aí há-de vir. A espera pelo concerto foi longa e o corpo estava enregelado, mas o espectáculo que se seguiu mais do que acalentou o frio que já chegava à alma. Com uma grandiosidade visual (uma das peças fundamentais do espectáculo é um grande painel horizontal que tanto serve para iluminar o palco como para fazer circular textos, notícias e citações, surpreendentemente traduzidas para português) e uma pujança sonora cada vez mais consistentes, os Massive tiveram uma actuação assombrosa. Para além dos temas inevitáveis ("Teardrop", "Unfinished Sympathy", "Safe From Harm", "Angel", etc), foram ainda apresentados 7 excelentes temas novos, densos e sombrios como se quer e que tranquilizam as expectativas sobre o futuro da banda. Fortes foram também as presenças vocais de Horace Handy (que boa surpresa vê-lo), Yolanda Quarty (não fazendo esquecer Shara Nelson, tem uma excelente voz) e Stephanie Dosen (aqui a sombra de Liz Fraser paira de forma mais intensa, mas não esteve mal). Apesar de uma demasiada e dispensável carga política - único ponto negativo, embora inevitável, já se sabe -, sem dúvida um concerto para guardar na memória.
>> 2º dia: 15 de Agosto
Apesar de já o ter visto este ano no Porto, no Sá da Bandeira, foi com prazer que voltei a assistir a um concerto de José González. O local não era o mais indicado e o vento também não ajudou, mas, ainda assim, González tornou a espalhar magia com a sua guitarra, proporcionando momentos de pura beleza. O alinhamento foi mais ou menos o mesmo da sua estreia em Portugal, trocando a penas a cover de "Heartbeats", dos The Knife, por "Love Will Tear Us Apart", dos Joy Division. É sempre um prazer ouvir este que é, quanto a mim, um dos melhores cantautores da actualidade.
Com um concerto de intervalo de uma banda que sinceramente não me recordo do nome - sei apenas que foram mandados embora do palco pela organização do festival -, entrou em cena Emir Kusturika e a No Smoking Orchestra. Já todos sabiamos para o que íamos e os senhores, de facto, arrumam a um canto qualquer Gogol Bordello que por aí ande. Não vale a pena estar ali com uma pose crítica, porque a palavra de ordem é diversão e foi precisamente de (mais uma) grande festa que se tratou. Ainda assim, e ao contrário da maioria das suas cópias, a No Smoking Orchestra tem excelentes músicos e instrumentistas que, para além de entreterem, conseguem começar e terminar uma canção. Nota positiva para a interacção com o público, que literalmente faz parte do espectáculo - os "números" e os "jogos" são praticamente sempre os mesmos (a Julieta, o violino gigante, a guitarra rotativa, etc.), mas proporcionam sem dúvida os melhores momentos da noite. Resta dizer que depois da "Pitbull Terrier" viu-se muito nariz partido com um sorriso na cara.
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