"New York City", Brazilian Girls (2008)
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New York City surge, então, depois do lounge sofisticado da estreia homónima (2005) e da incursão por electrónicas mais densas e dançáveis em Talk To La Bomb (2006). O novo trabalho tem um pouco dos dois mundos, embora a evolução seja mais do que evidente. Trata-se de um álbum muito mais heterogéneo do que os seus antecessores, com uma apuradíssima noção de canção e onde se percorrem territórios não antes explorados. O multilinguismo, porém, continua lá, sendo uma das principais marcas do grupo e, portanto, espere-se que a poliglota Sabina mude constantemente a língua em que canta, passando do inglês para o francês e para o espanhol sem que quase demos por isso. A grande mudança do álbum prende-se com aposta acertada num lado mais orgânico e instrumental. Olhe-se, por exemplo, para a percussão dominante em "St. Petersburg", para a parada sinfónica de contornos circenses que é "Berlin" ou para a lindíssima balada acústica "L'interprete". As electrónicas, contudo, continuam a ter um papel preponderante e resultam especialmente bem quando se atacam os órgãos e os sintetizadores, como na fortíssima e contaginante "Losing Myself" (digna sucessora de "Jique") ou na absolutamente delirante "Ricardo". Outros pontos altos são, também, "Good Time", uma alegre e colorida canção pop de se lhe tirar o chapéu, cheia de palmas, coros e assobios, "Internacional", uma volta ao mundo em 6 minutos, onde se percorre o nome de várias cidades com cânticos orientais à mistura e a frenética "Noveau Americain", esta muito na linha de Talk To La Bomb. A única nota negativa vai para a faixa de encerramento, "Mano De Dios", uma deambulação quase mântrica que acaba por não fechar o álbum da forma mais eficaz. No entanto, é apenas um pequeno senão no meio de tanta coisa boa.
Concluindo, New York City não é apenas o melhor álbum dos Brazilian Girls, mas também um verdadeiro bálsamo revitalizante, replecto de energia, sensualidade, canções irrepreensíveis e uma grande riqueza musical. É um daqueles growers que, a cada escuta, revela novos e entusiasmantes pormenores. 17/20.
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Edição: 5 de Agosto (Verve Forecast)
Faixas: St. Petersburg, Losing Myself, Berlin, Ricardo, Strangeboy, I Want Out, L'interprete, Good Time, Internacional, Noveau Americain, Mano de Dios
Website: braziliangirls.info
Myspace: myspace.com/braziliangirls
Youtube: Entrevista, Jique, I Want Out @ Nublu
3 comentários:
os Brazilian Girls têm-me surpreendido até agora, não particularmente muito bons, mas relativamente bons... Até porque comprei o 2º album no jumbo a 5€... Este como dizes aponta para os caminhos da canção, mas se toda a electrónica fosse assim, inteligente e bem trabalhada não teriamos espaço na prateleira do quarto...
só usam o nome do brasil mais não tem nada nem suinge
Conseguem ser éclécticos sem se dispersarem muito.
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