sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Depois do soberbo Return To Cookie Mountain, um dos melhores discos de 2006, os TV On The Radio regressam a 23 de Setembro com Dear Science. Entretanto, já se conhecem dois temas novos: "Golden Age", o primeiro single, e "Dancing Choose". Assim de repente, apetece-me dizer que são dois dos melhores nacos de música que por cá se escutaram este ano. Mas não entremos em possíveis exageros. Aquela matéria estranha de que são feitas as canções dos TV continua lá, mas as alterações são surpreendentes. Ora escutem lá.
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
"New York City", Brazilian Girls (2008)
Assim à primeira vista, o título do novo álbum dos Brazilian Girls, New York City, pode parecer uma escolha algo preguiçosa. Mas não é. De facto, a banda está sediada na Big Apple, mas as suas origens, tal como as suas influências, estão espalhadas um pouco por todo o mundo. Todos os seus elementos são originários de partes diferentes do globo (Sabina Sciubba, a vocalista, nasceu em Itália, filha de mãe italiana e pai alemão, viveu em França e na Áustria, tendo posteriormente assentado em Brooklyn; Didi Gutman, teclista, é argentino e Aaron Johnston americano), provêm de diferentes meios artísticos, da fotografia ao cinema, e as suas referências estilisticas vão do jazz à new wave, da bossanova à electrónica, do dub à pop. Assim sendo, só uma cidade como Nova Iorque poderia descrever tão bem a essência multicultural do grupo. Para além disso, foi em Manhattan que os Brazilian Girls, graças a uma residência semanal no Nublu, ganharam visibilidade e despertaram o interesse da Verve Forecast, a sua editora até hoje. Incluindo este, já gravaram três álbuns e três EPs e têm ganho uma crescente notoriedade internacional, não só devido ao ecletismo musical que lhes abre as portas a uma grande diversidade de públicos, mas sobretudo pela presença ao vivo da sensual e enigmática Sabina Sciubba, conhecida pela sua exoberância em palco.
New York City surge, então, depois do lounge sofisticado da estreia homónima (2005) e da incursão por electrónicas mais densas e dançáveis em Talk To La Bomb (2006). O novo trabalho tem um pouco dos dois mundos, embora a evolução seja mais do que evidente. Trata-se de um álbum muito mais heterogéneo do que os seus antecessores, com uma apuradíssima noção de canção e onde se percorrem territórios não antes explorados. O multilinguismo, porém, continua lá, sendo uma das principais marcas do grupo e, portanto, espere-se que a poliglota Sabina mude constantemente a língua em que canta, passando do inglês para o francês e para o espanhol sem que quase demos por isso. A grande mudança do álbum prende-se com aposta acertada num lado mais orgânico e instrumental. Olhe-se, por exemplo, para a percussão dominante em "St. Petersburg", para a parada sinfónica de contornos circenses que é "Berlin" ou para a lindíssima balada acústica "L'interprete". As electrónicas, contudo, continuam a ter um papel preponderante e resultam especialmente bem quando se atacam os órgãos e os sintetizadores, como na fortíssima e contaginante "Losing Myself" (digna sucessora de "Jique") ou na absolutamente delirante "Ricardo". Outros pontos altos são, também, "Good Time", uma alegre e colorida canção pop de se lhe tirar o chapéu, cheia de palmas, coros e assobios, "Internacional", uma volta ao mundo em 6 minutos, onde se percorre o nome de várias cidades com cânticos orientais à mistura e a frenética "Noveau Americain", esta muito na linha de Talk To La Bomb. A única nota negativa vai para a faixa de encerramento, "Mano De Dios", uma deambulação quase mântrica que acaba por não fechar o álbum da forma mais eficaz. No entanto, é apenas um pequeno senão no meio de tanta coisa boa.
Concluindo, New York City não é apenas o melhor álbum dos Brazilian Girls, mas também um verdadeiro bálsamo revitalizante, replecto de energia, sensualidade, canções irrepreensíveis e uma grande riqueza musical. É um daqueles growers que, a cada escuta, revela novos e entusiasmantes pormenores. 17/20.
New York City, dos Brazilian Girls
Edição: 5 de Agosto (Verve Forecast)
Faixas: St. Petersburg, Losing Myself, Berlin, Ricardo, Strangeboy, I Want Out, L'interprete, Good Time, Internacional, Noveau Americain, Mano de Dios
Website: braziliangirls.info
Myspace: myspace.com/braziliangirls
Youtube: Entrevista, Jique, I Want Out @ Nublu
New York City surge, então, depois do lounge sofisticado da estreia homónima (2005) e da incursão por electrónicas mais densas e dançáveis em Talk To La Bomb (2006). O novo trabalho tem um pouco dos dois mundos, embora a evolução seja mais do que evidente. Trata-se de um álbum muito mais heterogéneo do que os seus antecessores, com uma apuradíssima noção de canção e onde se percorrem territórios não antes explorados. O multilinguismo, porém, continua lá, sendo uma das principais marcas do grupo e, portanto, espere-se que a poliglota Sabina mude constantemente a língua em que canta, passando do inglês para o francês e para o espanhol sem que quase demos por isso. A grande mudança do álbum prende-se com aposta acertada num lado mais orgânico e instrumental. Olhe-se, por exemplo, para a percussão dominante em "St. Petersburg", para a parada sinfónica de contornos circenses que é "Berlin" ou para a lindíssima balada acústica "L'interprete". As electrónicas, contudo, continuam a ter um papel preponderante e resultam especialmente bem quando se atacam os órgãos e os sintetizadores, como na fortíssima e contaginante "Losing Myself" (digna sucessora de "Jique") ou na absolutamente delirante "Ricardo". Outros pontos altos são, também, "Good Time", uma alegre e colorida canção pop de se lhe tirar o chapéu, cheia de palmas, coros e assobios, "Internacional", uma volta ao mundo em 6 minutos, onde se percorre o nome de várias cidades com cânticos orientais à mistura e a frenética "Noveau Americain", esta muito na linha de Talk To La Bomb. A única nota negativa vai para a faixa de encerramento, "Mano De Dios", uma deambulação quase mântrica que acaba por não fechar o álbum da forma mais eficaz. No entanto, é apenas um pequeno senão no meio de tanta coisa boa.
Concluindo, New York City não é apenas o melhor álbum dos Brazilian Girls, mas também um verdadeiro bálsamo revitalizante, replecto de energia, sensualidade, canções irrepreensíveis e uma grande riqueza musical. É um daqueles growers que, a cada escuta, revela novos e entusiasmantes pormenores. 17/20.
New York City, dos Brazilian Girls
Edição: 5 de Agosto (Verve Forecast)
Faixas: St. Petersburg, Losing Myself, Berlin, Ricardo, Strangeboy, I Want Out, L'interprete, Good Time, Internacional, Noveau Americain, Mano de Dios
Website: braziliangirls.info
Myspace: myspace.com/braziliangirls
Youtube: Entrevista, Jique, I Want Out @ Nublu
Postado por João às 11:45 da tarde 3 comentários
Marcadores: Álbuns - Crítica, Brazilian Girls
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
Música no coração
É mais um dos muitos casos de filmes que não chegam sequer às salas de cinema nacionais, passando directamente para o mercado de DVD. Chama-se Once (em português, No Mesmo Tom) e esta semana tive oportunidade de o ver. Trata-se, muito resumidamente, de uma história de amores condicionados, passada na Irlanda, onde os protagonistas, dois cantautores oriundos de mundos muito diferentes, cujos nomes nunca chegamos a saber, se conhecem nas ruas de Dublin e, juntos, embarcam num delicioso e improvável processo de gravação de uma maquete. Na realidade, as duas personagens são interpretadas por Glen Hansard e Marketa Irglova, também eles músicos, sendo o primeiro líder dos The Frames, uma banda irlandesa cujo baixista é John Carney, ou seja, o realizador do filme. Não é que a música seja propriamente extraordinária, o argumento forte ou as filmagens exímias, mas é tudo tão sincero e genuino que rapidamente somos contagiados por este verdadeiro musical dos tempos modernos, onde são as canções que acabam por desvendar alguns mistérios da narrativa. O tema em baixo, "Falling Slowly", vencedor do Óscar para a melhor canção original, no ano passado, ganha uma nova vida depois de verem o filme. Se por acaso apanherem Once por aí... está mais do que recomendado.
"Falling Slowly", Glen Hansard & Marketa Irglova
Festival de Sundance 2007
Festival de Sundance 2007
Postado por João às 4:53 da tarde 2 comentários
Marcadores: Cinema
Importa-se de repetir? #5
"Rock'n'roll needed something to rebel against. Whether that was a stifling '50s mainstream culture, a disastrous war in Vietnam or the record industry itself was immaterial. Without an evil, oppressive establishment, rebellion is just so much jerking off. The tension generated by creative artists working for inherently life-sapping monolithic corporate shitmongers informed the careers of some of the greatest musicians of the rock era: Neil Young, Tom Petty, Paul Westerberg, Kurt Cobain, Eddie Wedder."
>> Phil Sheridan in Magnet Magazine (Summer 2008)
>> Phil Sheridan in Magnet Magazine (Summer 2008)
Adenda: Vale a pena ler o texto completo, intitulado "Sympathy For The Devil", incluído na crónica The Back Page da edição de verão da Magnet.
Postado por João às 4:27 da manhã 1 comentários
Marcadores: Importa-se de repetir?
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
FESTIVAIS: Surf Fest '08
Numa decisão algo precipitada, o sossego das minhas férias foi interrompido para uma deslocação não programada ao Super Bock Surf Fest, em Sagres, no Algarve. Se não conhecem o local, deixem-me que vos diga que é possivelmente um dos sítios mais estúpidos para se realizar um festival em pleno Verão. Não só os acessos e o estacionamento são péssimos, como se trata de uma das mais ventosas (e frias) zonas do nosso querido país. Assim sendo, não só os corpos desnudos da rapaziada vinda da praia sofriam com as condições meteorológicas, como os próprios artistas se deparavam com um adversário inesperado. Adiante. A ideia principal era matar saudades dos Massive Attack, mas, devido ao preço convidativo e uma relativa proximidade do local onde me encontrava, lá se comprou bilhete para os dois dias. Aproveitei, então, para rever pela segunda vez este ano José González e assistir à festarola de Emir Kusturika e a No Smoking Orchestra. O resto, com o devido respeito, passa-me completamente ao lado.
>> 1º dia: 14 de Agosto
Apesar do lançamento do novo álbum de originais continuar a ser consecutivamente adiado, os Massive Attack decidiram este Verão regressar aos palcos, pelo que esta era uma oportunidade única, não só para os voltar a ouvir, mas também para dar uma espreitadela para o que aí há-de vir. A espera pelo concerto foi longa e o corpo estava enregelado, mas o espectáculo que se seguiu mais do que acalentou o frio que já chegava à alma. Com uma grandiosidade visual (uma das peças fundamentais do espectáculo é um grande painel horizontal que tanto serve para iluminar o palco como para fazer circular textos, notícias e citações, surpreendentemente traduzidas para português) e uma pujança sonora cada vez mais consistentes, os Massive tiveram uma actuação assombrosa. Para além dos temas inevitáveis ("Teardrop", "Unfinished Sympathy", "Safe From Harm", "Angel", etc), foram ainda apresentados 7 excelentes temas novos, densos e sombrios como se quer e que tranquilizam as expectativas sobre o futuro da banda. Fortes foram também as presenças vocais de Horace Handy (que boa surpresa vê-lo), Yolanda Quarty (não fazendo esquecer Shara Nelson, tem uma excelente voz) e Stephanie Dosen (aqui a sombra de Liz Fraser paira de forma mais intensa, mas não esteve mal). Apesar de uma demasiada e dispensável carga política - único ponto negativo, embora inevitável, já se sabe -, sem dúvida um concerto para guardar na memória.
>> 2º dia: 15 de Agosto
Apesar de já o ter visto este ano no Porto, no Sá da Bandeira, foi com prazer que voltei a assistir a um concerto de José González. O local não era o mais indicado e o vento também não ajudou, mas, ainda assim, González tornou a espalhar magia com a sua guitarra, proporcionando momentos de pura beleza. O alinhamento foi mais ou menos o mesmo da sua estreia em Portugal, trocando a penas a cover de "Heartbeats", dos The Knife, por "Love Will Tear Us Apart", dos Joy Division. É sempre um prazer ouvir este que é, quanto a mim, um dos melhores cantautores da actualidade.
Com um concerto de intervalo de uma banda que sinceramente não me recordo do nome - sei apenas que foram mandados embora do palco pela organização do festival -, entrou em cena Emir Kusturika e a No Smoking Orchestra. Já todos sabiamos para o que íamos e os senhores, de facto, arrumam a um canto qualquer Gogol Bordello que por aí ande. Não vale a pena estar ali com uma pose crítica, porque a palavra de ordem é diversão e foi precisamente de (mais uma) grande festa que se tratou. Ainda assim, e ao contrário da maioria das suas cópias, a No Smoking Orchestra tem excelentes músicos e instrumentistas que, para além de entreterem, conseguem começar e terminar uma canção. Nota positiva para a interacção com o público, que literalmente faz parte do espectáculo - os "números" e os "jogos" são praticamente sempre os mesmos (a Julieta, o violino gigante, a guitarra rotativa, etc.), mas proporcionam sem dúvida os melhores momentos da noite. Resta dizer que depois da "Pitbull Terrier" viu-se muito nariz partido com um sorriso na cara.
Postado por João às 11:32 da tarde 0 comentários
sábado, 23 de agosto de 2008
FESTIVAIS: Sudoeste '08
O Sudoeste é aquilo que toda a gente sabe: um grande encontro social para jovens onde os rapazes loiros e bronzeados tentam, através de uma mistura explosiva de álcool e drogas, seduzir as meninas esbeltas e bem torneadas, e vice-versa. A música é apenas a banda sonora para aventuras mais ousadas. Ainda assim, é sempre possível ver por lá alguns bons concertos. O ano passado, por exemplo, enquanto no palco principal se passeavam manus chaos e outros que tais, assistiu-se, com calma e espaço, na tenda secundária, a excelentes actuações de Patrick Wolf, Of Montreal, Noisettes, Camera Obscura, ...Trail Of Dead ou The National. Este ano os nomes que me prendiam a atenção eram mais escassos e, como tal, optei por uma deslocação estratégica nos dias 8 e 10 de Agosto.
>> 2º dia: 8 de Agosto
Colocar os Tindersticks a actuar no palco principal do Sudoeste é um daqueles erros de palmatória que qualquer promotor deveria evitar. Naquele espaço, naquele horário e naquelas circustâncias, como já era previsível, a actuação deste ingleses provocou um enorme êxodo para a zona da alimentação, tal era o fosso entre as motivações do público e da banda. Mas não se pode querer que os Tindersticks sejam aquilo que efectivamente não são. E, sendo assim, os senhores fizeram o que tinham a fazer, servindo-nos uma dose massiva de belas canções baladeiras e depressivas, bem orquestradas e sempre marcadas pela voz inconfundível de Stuart Staples. Contudo, conhendo um pouco do reportório do grupo, penso que havia margem de manobra para um alinhamento ligeiramente mais colorido. Podem voltar, com certeza, mas tranquem-se numa sala onde as lágrimas façam sentido.
Seguiram-se os Goldfrapp. Confesso que Felt Mountain foi e é um álbum importante para mim e, mesmo que o duo nunca mais tenha voltado à excelência do debute e Seventh Tree seja um disco falhado, tinha uma grande vontade de os ver ao vivo pela primeira vez, depois de desperdiçadas algumas oportunidades. Infelizmente, desse primeiro trabalho, apenas "Utopia" - e escusado será dizer que foi o melhor momento de todo o espectáculo. O alinhamento, de resto, foi demasiado previsível: os singles novos, os singles antigos e uma ou outra coisa para encher chouriço. Ficou claro que o álbum novo não dá com nada, sobretudo quando se tenta encaixar "Satin Chic" e "Monster Love" ou "Oh La La" e "Caravan Girl". Não se pode, porém, dizer que tenha sido um mau concerto, porque, com este novo disco para promover, era complicado fazer-se melhor. Termiraram em beleza dançante com "Train" e "Strict Machine", tocaram bem, souberam entreter, a Alison é uma deusa e eu se pudesse ia já para a cama com ela, mas, fica a certeza de que há muito mais e melhor música do que aquela que foi apresentada.
Os Chemical Brothers sabem entreter grandes multidões como poucos. Não só têm grandes hinos de música electrónica para dar e vender a noite toda, como sabem também entreter o olho através de impressionantes projecções de vídeo e de luz. Eu, pessoalmente, não gosto de dar o meu pézinho de dança em locais tão grandes e povoados e admiro mais a actividade instrumental dos Chemical do que propriamente os seus dotes de disco jóqueis, mas reconheço que festas como aquela não se vêem todos os dias. Entreteve a saída até ao carro.
>> 4º dia: 10 de Agosto
O meu 2º e último dia de Sudoeste começou bem ao som dos portugueses Vicious Five, no palco Planeta Sudoeste. Com um punk rock acelerado mas muito acessível, os lisboestas animaram as escassas centenas que ali estavam para abanar a cabeça. Embora um pouco repetitivo para o meu gosto, foi um concerto bem enérgico e divertido. Seguiram-se os Junior Boys que, apesar de vários problemas técnicos e algumas dificuldades de comunicação, cruzaram muito bem sons pré-programados, guitarra e bateria, proporcionando belos momentos de plácida electrónica. Mas a grande actuação da noite foi, sem dúvida, a dos Cut Copy. E se o novo álbum In Ghost Colours me parece algo difuso e disperso, ao vivo, toda aquela mixórdia de estilos ganhou forma, cor e brilho. Não há muito mais a dizer, apenas que os rapazes têm indiscutivelmente talento e uma grande capacidade para arrebatar uma plateia.
Por fim, Franz Ferdinand. Na minha ingénua cabeça era complicado uma banda que tem algumas das melhores canções pop deste século dar um concerto esquecível. Mas foi mesmo isso que aconteceu. Não apenas por culpa deles, reconheça-se. O início desastroso, que levou a duas saídas de palco devido a falhas totais e parciais do som nos primeiros minutos da actuação, foi um verdadeira facada nas altas expectativas. Acrescente-se a isto uma mosh absurda precisamente no local onde me encontrava, o que me obrigou a deslocar por várias vezes de posição e ainda as carradas de pó que se levantou, tornando o ar irrespirável. No que à música diz respeito, a falta de energia de Alex Kapranos e companhia era perfeitamente notória, pelo que o concerto, apesar do imenso profissionalismo da banda, foi um mero desfilar de grandes êxitos, praticamente em modo automático. Destaque apenas para as canções novas que revelam uma forte inclinação para as teclas e sintetizadores, embora não se dispensem as famosas guitarradas.
Foi algo desiludido com os senhores de Glasgow que abandonei o recinto, mas a festa proporcionada pelos Cut Copy umas horas antes até que compensou o fracasso dos Franz Ferdinand. Para o ano há mais e certamente nestes moldes de ir e vir no mesmo dia, já que a paciência para aquelas mentes "positivas" é cada vez mais escassa.
Postado por João às 5:48 da tarde 6 comentários
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
De regresso
Depois de uma férias bem passadas - que incluiram uma passagem pelo Sudoeste e ainda pelo SBSF, de que falarei em posts posteriores - estou de volta à carga, pronto para retomar a actividade deste pequeno blog. Até já.
Postado por João às 11:01 da tarde 0 comentários
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Beautiful Summer
Ainda mal chegado de Paredes de Coura e já de partida para o Sudoeste. Desta vez, estarei pela Zambujeira apenas dia 8 e dia 10 de Agosto. Depois, seguem-se umas férias por tempo mais ou menos indeterminado um pouco mais abaixo daquela zona do país. A todos um grande abraço e até daqui a umas semanitas.
"Can We Start Again", Tindersticks
Simple Pleasure (1999)
Simple Pleasure (1999)
Postado por João às 7:22 da tarde 0 comentários
Marcadores: Festivais, Tindersticks
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
terça-feira, 5 de agosto de 2008
FESTIVAIS: Paredes de Coura '08
Mais um ano, mais uma edição do Festival Paredes de Coura, o tal festival "alternativo" que, durante quatro dias em trezentos e sessenta e cinco possíveis, coloca no mapa esta pacata localidade do norte do país. Não vai ser um daqueles anos memoráveis cujas camisolas oficiais serão orgulhosamente desfiladas por aí - como as de 2005 -, mas será um ano para recordar dois grandes concertos: Primal Scream e dEUS. O resto, mais tarde ou mais cedo, vai para a gaveta do esquecimento.
>> 1º dia: 31 de Julho
Por razões que só a entidade que reserva bilhetes saberá, não consegui assistir aos três primeiros concertos do dia: Bunnyranch, X-Wife e The Bellrays. Pessoas que tenho em muito boa conta disseram-me que os portugueses estiveram bem e que os Bellrays deram um espectáculo do caraças. Quanto aos Mando Diao, o primeiro concerto a que assisti, se querem que vos diga, não me lembro de grande coisa. Acho que não estiveram mal, mas muito bem também não estiveram com certeza, caso contrário recordar-me-ia. Penso que o triste espectáculo que se seguiu retirou-lhes qualquer hipotético protagonismo.
Os Sex Pistols foram tudo aquilo que já vi que se disse por aí. Provocaram a revolta dos próprios punks que por lá andavam e esperemos que nunca mais cá ponham os pés - nem aqui nem em lado nenhum. São umas verdadeiras carcaças ambulantes, gordos e arrogantes, tocam tão bem/mal como há trinta anos atrás, mas estão totalmente descolados do mundo em que vivem. Um dia mais tarde posso dizer que ouvi "Anarchy In The UK" e "God Save The Queen" numa bela noite de verão, mas que sentido é que isso faz?
Em after-hours, destaque para um excelente set do DJ Amable, que soube entreter de forma irrepreensível a multidão que por ali se juntou para dar um pézinho de dança, passando praticamente tudo aquilo de que se tem falado recentemente.
>> 2º dia: 1 de Agosto
Os The Rakes souberam estar, tocando com muita entrega alguns temas dos seus dois álbuns. Mas, àquela hora, para se deslumbrar é preciso muito mais do que um concerto conseguido. Ainda assim, foi provavelmente a melhor das bandas a actuar nas quatro tardes. Seguiram-se os The Sounds, que provaram definitivamente que não valem um tostão furado. Vivem apenas das pernas da vocalista, sendo que musicalmente são quase uma nulidade. Não só a maior parte das músicas são francamente más como eles próprios não as sabem tocar. Ainda assim, "Painted By Numbers" e "Tony The Beat" entreteram os ouvidos menos exigentes.
Os Editors, apesar de previsíveis, estiveram bem. Alternaram temas do desiquilibrado An End Has A Start, que ao vivo funciona bem melhor do que em disco, com os grandes êxitos de The Back Room, como "Bullets", "All Sparks" ou "Munich". Tom Smith tem uma boa presença, mas à banda falta alguma coisa para além de um conjunto de boas canções.
Os Primal Scream deram um espectáculo do tamanho da sua própria dimensão, inteligente, estruturado, com princípio, meio e fim. Começaram por apresentar temas mais recentes, nomeadamente excelentes escolhas saídas do novo Beautiful Future, onde esclareceram que é o rock que lhes corre nas veias, e foram progredindo, sempre em crescendo, através dos momentos-chave de uma já longa carreira, para uma grande revisitação do melhor que o psicadelismo electrónico nos deu até hoje. Ficou muito claro que toda aquela diversidade musical nada tem de incongruente - ao vivo, tudo faz sentido. Uma extraordinária lição de música.
Os These New Puritans pareceu-me que deram um concerto igual ao do Clubbing de Maio na Casa da Música - até a camisola/armadura de Jack Barnett era a mesma - embora tivesse faltado a presença da muito afável Sophie Sleigh-Johnson. Tocaram outra vez de forma consistente, mas fiquei com a sensação de que a actuação resultou melhor em sala fechada.
>> 3º dia: 2 de Agosto
Os Teenagers, que eu até acreditava que tinham algum potencial, foram um desastre. Numa curtíssima actuação conseguiram estragar as 4 ou 5 boas canções que têm no álbum Reality Check, nomeadamente a rodadíssima "Homecoming", que deu origem a um momento peculiar em que - depois de Quentin Delafon ter tentado em vão que um grupo de raparigas portuguesas subisse ao palco para fazer o coro feminimo - uma menina esteve junto da banda a dançar e a fazer que cantava. Muito bonito, mas a música, meus senhores, onde está?
Quanto aos Mars Volta, respeito muito, tocam todos muito bem, mas por mim passo.
Os dEUS, que têm um pequeno culto por cá - algo que se sentia no ar e que proporcionou ao concerto uma aura muito especial - tiveram também uma actuação inesquecível, onde não só voltaram a mostrar que são músicos excepcionais, como também nos brindaram com um excelente espectáculo visual de alucinantes jogos de cor e de luz. À excepção de uma ou outra love song, como a belíssima "Nothing Really Ends", a banda terminou praticamente todos os temas em catarse instrumental, em momentos emotivos de grande intensidade. "Slow", "The Architect" e "Smoker's Reflect", do recém-editado Vantage Point, funcionaram muitíssimo bem ao vivo. Uns senhores.
Os Wraygunn, sobretudo Paulo Furtado, são excelentes entertainers. No entanto, tiveram um péssimo arranque e só lá mais para o fim é que as coisas se compuseram. O Tigerman lá fez o seu número de circo, atirando-se para cima da plateia, que vibrou com aquela proximidade, mas, pessoalmente, todo aquele aparato não me deslumbra. Já os vi em melhor forma.
>> 4º dia: 3 de Agosto
As Au Revoir Simone, que no ano passado lançaram o fascinante The Bird Of Music, tinham tudo para proporcionar um fim-de-tarde mágico. Mas as três meninas, sempre muito simpáticas e angelicais, com as suas teclas e sintetizadores, enterraram-se em palco e foi notório que a coisa funciona muito melhor em disco. Apresentaram dois ou três temas novos - um dos quais muito bom -, mas excelentes canções como "Sad Song", "Dark Halls" ou "A Violent Yet Flamable World" perderam muito do seu interesse. Já para não falar que uma delas - a que estava ao centro, julgo eu - canta, portanto... muito mal. Na sua ingenuidade, devido à reacção efusiva do público da frente, disseram que tinha sido provavelmente o melhor concerto de sempre. Partindo do princípio que não há qualquer tipo de ironia maliciosa por detrás daquelas faces doces, só se pode concluir que são muito pouco exigentes com elas próprias.
O Tributo A Joy Division foi tão mau, tão mau que não quero sequer comentar, por pena.
Biffy Clyro e Thievery Corporation, não, obrigado.
Entre as duas actuações anteriores houve ainda Lemonheads - reconheço que conheço muito pouco deles - e um concerto estranho, muito estranho. Arrancaram bem e com alguma força, sendo que depois os elementos da banda abandonaram o palco, ficando apenas Evan Dando, de guitarra em punho, diante de uma plateia pouco receptiva, a entoar melodias de travo mais folk. Interromperam uma canção ainda no seu início, sairam inesperadamente do palco, mas rapidamente regressaram para um último tema. Algo não correu bem ali, mas não foi propriamente um mau concerto. A música era boa.
O último concerto a que assisti foi o de Caribou, no palco secundário. Excelente actuação, por sinal. Com uma entrega fora do comum, o músico canadiano mais três outros elementos, atacaram as baterias e as guitarras como se não houvesse amanhã, num momento que aliou o rigor do prog a um certo experimentalismo noise. Não conhecia, mas fiquei com muita vontade de conhecer.
Seguidamente, e pela última vez, abandonei o recinto do Festival. Ontem regressei a casa, aproveitei para recuperar forças e cá estou de volta. É verdade que a maior parte dos concertos não passou sequer do medíocre, mas valeu muito a pena pelas duas bandas que referi e ainda uma ou outra agradável surpresa.
Postado por João às 10:00 da tarde 4 comentários
Marcadores: Festivais, Paredes de Coura
Subscrever:
Mensagens (Atom)