TRÊS EM UM
Primeiro os Vampire Weekend, depois os Hercules And Love Affair, agora os MGMT. Nenhuma das novas bandas que ouvi até agora desta nova fornada vinda de Brooklyn me desiludiu. E talvez até tenham sido os MGMT que mais me surpreenderam. No entanto, comecei por nem ligar grande coisa a Oracular Spectacular. Nas primeiras escutas, achei aquilo tudo muito bonito, sim, interessante, sim, mas não houve propriamente um click imediato, como tinha acontecido com os Vampire Weekend e H&LA, que foram verdadeiros amores à primeira vista. Com o passar do tempo e o aumento das audições, tudo aquilo começou a fazer sentido para mim. Contrariamente ao que tenho lido, não me parece que este seja um álbum fácil e "comercial". Parece-me precisamente o oposto. Um disco arriscado, que combina diversos tipos de estilos, fazendo invulgar uso de referências do rock e da folk de décadas passadas e uma electrónica que, sem nunca se sobrepor aos restantes instrumentos, convive com estes de forma harmoniosa. "Weekend Wars", "Kids" ou "4th Dimensional Transition" são excelentes exemplos da diversificação sonora do álbum, ainda que me pareçam fazer todo o sentido juntos. Refrescante parece-me ser um bom termo, ainda que redutor, para caracterizar o álbum. Brilhante seria outro. 18/20.
>> "Oracular Spectacular", MGMT (Columbia - 2008)
>> MGMT - Myspace
>> "Oracular Spectacular", MGMT (Columbia - 2008)
>> MGMT - Myspace
Acredito que os Elbow, apesar de já terem uma considerável dimensão no Reino Unido, mais tarde ou mais cedo explodirão para o mundo (tal como, por exemplo, os Blonde Redhead explodiram no ano passado). Já deram provas seguras de fazerem uma pop cuidada e acutilante, cheia de boas influências (Guy Garvey, o líder da banda, afirmou há uns meses que os Elbow não poderiam existir sem os Radiohead) e um travezinho britânico muito saboroso. Mas provavelmente não será com este The Seldom Seen Kid, o quarto álbum de originais, que isso vai acontecer. Não quer isto dizer que este seja um registo menor (pelo contrário), mas, de facto, este novo álbum, editado em Março passado, não é de consumo imediato. Mais próximo da sonoridade de bandas de trave mais acústico e orquestral, como os Divine Comedy e, claro, dos Radiohead da fase incial de Pablo Honey ou The Bends, este é um disco intimista, recheado de belíssimos temas e uma escrita madura e inteligente. Lá mais para o fim, perde um pouco da subtileza inicial, mas o balanço final é claramente positivo. Destaque para o fortíssimo primeiro single "Grounds For Divorce" e o charme emanado em "Audience With The Pope". 16/20.
>> "The Seldom Seen Kid", Elbow (V2 - 2008)
>> Myspace - Elbow
>> "The Seldom Seen Kid", Elbow (V2 - 2008)
>> Myspace - Elbow
O álbum de estreia de Duffy é um bom exemplo de como, por vezes, uma excelente voz não chega para fazer um excelente álbum. A rapariga tem umas cordas vocais do outro mundo (e de outro tempo), não há a menor dúvida sobre isso, mas é preciso mais alguma coisa para se construir um disco e que não passe somente pela nostalgia de uma voz fenomenal. Esse "mais alguma coisa" que, por exemplo, Amy Winehouse conseguiu em Back To Black. Rockferry, apesar de alguns belos temas, nunca chega a superar o brilhantismo do single que anda nas bocas e nos ouvidos do mundo, "Mercy". Esperava-se, portanto, mais de Bernard Butler, ex-Suede, que assina a produção do trabalho (e que este ano também não convenceu totalmente na ajuda que deu aos Sons & Daughters em This Gift). Mas, ainda assim, não se perca de vista este maravilhoso timbre soul... 13/20.
>> "Rockferry", Duffy (Mercury - 2008)
>> Duffy - Myspace
>> "Rockferry", Duffy (Mercury - 2008)
>> Duffy - Myspace
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