terça-feira, 15 de abril de 2008

"Antidotes", Foals (2008)

Antidotes, como qualquer primeiro álbum de uma banda em que se aposta tudo, terá (já está a ter) a difícil tarefa de lidar com as diferentes expectativas que se criaram em volta dos Foals nestes últimos tempos. Aqueles que estavam à espera de uma continuação das festividades dançantes de temas como "Hummer" (que, tal como "Mathletics", não está, nem poderia estar, no alinhamento final) ficarão inevitavelmente desiludidos com o disco, pois o quinteto inglês está mais preocupado em explorar e desenvolver a sua sonoridade do que propriamente em entreter. E ainda bem. É que se já todos sabiamos que os Foals têm a fórmula certa para animar as hostes, restava saber se por detrás de tanta festa havia lugar para algo mais, para um estilo próprio que justificasse tanto alarido. E há, sem dúvida. E esse estilo está muito mais próximo do prog de uns Battles do que de qualquer onda new-ravista que por aí ande (aliás, algumas comparações que têm sido feitas são absolutamente despropositadas). Os Foals estão mais perto de serem engenheiros do que bobos da corte. Com surpreendente agilidade instrumental, mergulham-nos numa alucinante viagem de cerca de 45 minutos ao seu mundo muito peculiar, recorrendo a percussão, sobretudo bateria, sopros metálicos aqui e ali, e uma dose contida de sintetizadores. No entanto, são as guitarras eléctricas de Yannis Philippakis (também vocalista) que dominam toda esta interessante mutação do rock. "É suposto elas soarem como insectos. Como uma nuvem de insectos que forma estranhas harmonias", segundo Philippakis. E é verdade - se o resto dos instrumentos confere aos Foals um sólido bloco sonoro, são as guitarras que dão ao álbum uma dinâmica muito especial, como finos raios de luz que se formam em todos os sentidos e direcções num imenso espaço negro. Geometrizado, mas não simétrico, Antidotes é um álbum rigoroso e bastante uniforme, ainda que, sem nunca se sair de um determinado estilo, haja lugar para temas mais uptempo ("Cassius", "Two Steps, Twice"), outros mais contemplativos ("Heavy Water", "Big Big Love") ou deambulações instrumentais ("Like Swimming"), sem que nunca se perca o interesse e o vigor. Foals, not fools, portanto. 18/20.

Antidotes, dos Foals
Edição: 14 de Abril 2008 (Sub Pop/Atlantic)
Alinhamento: The French Open, Cassius, Red Socks Pugie, Olympic Airways, Electric Bloom, Balloons, Heavy Water, Two Steps Twice, Big Big Love (Fig 2), Like Swimming, Tron
Website: wearefoals.com
MySpace: myspace.com/foals
Youtube: Cassius, Balloons

4 comentários:

Shumway disse...

Do que já ouvi (Balloons, Tron), gostei muito.
Está na calha para as próximas aquisições.

Abraço

João disse...

Acho que vale bem a pena... ;p

Alexandre Pereira disse...

É na verdade um grande grande álbum.

Cumps ;)

O Puto disse...

Este disco surpreendeu-me. Constroem uma sonoridade complexa, pouco óbvia e, a espaços, acessível. Pensei que a fórmula se esgotaria nos primeiros singles, mas têm muito para dizer. A propósito, a edição que comprei contém "Hummer" e "Mathletics" como faixas extra.