sexta-feira, 13 de julho de 2007

"An End Has A Start", Editors (2007)

Da ressaca do primeiro álbum dos Interpol, que marcou o ressurgimento das sonoridades pós-punk dos Joy Division (algo que nunca esteve totalmente desaparecido, mas que teve aqui a sua maior exposição mediática) nasceram, em 2005, duas bandas que encontraram neste estilo a melhor forma de se exprimirem: os Editors e os She Wants Revenge. Ambas foram acusadas de "copiar" o grupo de Paul Banks - nada mais injusto e redutor. É evidente que há uma grande influência daquela ambiência negra tão característica, mas tanto os Editors como os She Wants Revenge desenvolveram e adicionaram elementos novos e inovadores, que fizeram de The Back Room e She Wants Revenge (homónimo) dois dos mais excitantes álbuns deste género. Libertaram-se de alguma geometria rigorosa e inflexível das composições dos Interpol, exploraram as vozes e os instrumentos, e, sobretudo, sem nunca se perderem, conseguiram integrar naquele mar denso e escuro poderosos raios de luz, canções singulares e imponentes que acabaram por marcar esse ano. Dois anos passados, ainda foram poucos os que conseguiram alcançar as soberbas Munich, All Sparks ou Blood, Sister ou Tear You Apart.

E as difíceis tarefas que são sempre os segundos álbuns começam a chegar. Se os She Wants Revenge prometem álbum para o final do ano, os Editors já lançaram o novo trabalho, An End Has A Start, editado no passado mês de Junho. O primeiro single, Smokers Outside The Hospital Doors, fazia antever que a banda iria apostar numa certa continuidade da sonoridade explorada no álbum de estreia. O que, se calhar, não se adivinhava é que o resultado fosse tão medíocre, ficando em tudo atrás do primeiro. Acomodoram-se, seguiram o caminho mais óbvio, investindo em orquestrações balofas e cansativas que se apoderam de todas as faixas, não as deixando quase respirar. O essencial continua lá, é certo, mas perdeu-se a garra, a convicção, a noção de canção. Repetem-se certas ideias, adquirem-se maneirismos (principalmente a nivel vocal) e entra-se numa espiral de temas que soam a réplica tosca de The Back Room, aborrecidos, atulhados de instrumentos e acordes pomposos que, apesar do aparato, acabam sempre por se dispersar sem nunca chegar a parte alguma. Há, ainda assim, como é costume, alguns momentos interessantes. A escrita de Tom Smith mantem-se irrepreensível e surgem até algumas boas canções como Bones ou When Anger Shows. No entanto, An End Has A Start, é um álbum onde está tudo em evidência, mas nada se destaca.

12/20


An End Has A Start, dos Editors | Pias
Edição: 25 de Junho 2007
Faixas: Smokers Outside The Hospital Doors, An End Has A Start, The Weight of The World, Bones, When Anger Shows, The Racing Rats, Push Your Head Towards The Air, Escape The Nest, Spiders, Well Worn Hand
MySpace: myspace.com/editorsmusic

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