"An End Has A Start", Editors (2007)
Da ressaca do primeiro álbum dos Interpol, que marcou o ressurgimento das sonoridades pós-punk dos Joy Division (algo que nunca esteve totalmente desaparecido, mas que teve aqui a sua maior exposição mediática) nasceram, em 2005, duas bandas que encontraram neste estilo a melhor forma de se exprimirem: os Editors e os She Wants Revenge. Ambas foram acusadas de "copiar" o grupo de Paul Banks - nada mais injusto e redutor. É evidente que há uma grande influência daquela ambiência negra tão característica, mas tanto os Editors como os She Wants Revenge desenvolveram e adicionaram elementos novos e inovadores, que fizeram de The Back Room e She Wants Revenge (homónimo) dois dos mais excitantes álbuns deste género. Libertaram-se de alguma geometria rigorosa e inflexível das composições dos Interpol, exploraram as vozes e os instrumentos, e, sobretudo, sem nunca se perderem, conseguiram integrar naquele mar denso e escuro poderosos raios de luz, canções singulares e imponentes que acabaram por marcar esse ano. Dois anos passados, ainda foram poucos os que conseguiram alcançar as soberbas Munich, All Sparks ou Blood, Sister ou Tear You Apart.E as difíceis tarefas que são sempre os segundos álbuns começam a chegar. Se os She Wants Revenge prometem álbum para o final do ano, os Editors já lançaram o novo trabalho, An End Has A Start, editado no passado mês de Junho. O primeiro single, Smokers Outside The Hospital Doors, fazia antever que a banda iria apostar numa certa continuidade da sonoridade explorada no álbum de estreia. O que, se calhar, não se adivinhava é que o resultado fosse tão medíocre, ficando em tudo atrás do primeiro. Acomodoram-se, seguiram o caminho mais óbvio, investindo em orquestrações balofas e cansativas que se apoderam de todas as faixas, não as deixando quase respirar. O essencial continua lá, é certo, mas perdeu-se a garra, a convicção, a noção de canção. Repetem-se certas ideias, adquirem-se maneirismos (principalmente a nivel vocal) e entra-se numa espiral de temas que soam a réplica tosca de The Back Room, aborrecidos, atulhados de instrumentos e acordes pomposos que, apesar do aparato, acabam sempre por se dispersar sem nunca chegar a parte alguma. Há, ainda assim, como é costume, alguns momentos interessantes. A escrita de Tom Smith mantem-se irrepreensível e surgem até algumas boas canções como Bones ou When Anger Shows. No entanto, An End Has A Start, é um álbum onde está tudo em evidência, mas nada se destaca.
12/20
An End Has A Start, dos Editors | Pias
Edição: 25 de Junho 2007
Faixas: Smokers Outside The Hospital Doors, An End Has A Start, The Weight of The World, Bones, When Anger Shows, The Racing Rats, Push Your Head Towards The Air, Escape The Nest, Spiders, Well Worn Hand
MySpace: myspace.com/editorsmusic






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