"Rites Of Uncovering", Arbouretum (2007)
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Logo na primeira audição, Rites Of Uncovering soa a álbum de culto, uma obra densa e sombria, intrigante e magestosa. Um álbum de extremos, paradoxal, composto por temas tão frágeis quanto agressivos, tão calmos quanto flexíveis, mas que nem por um segundo se perde no seu longo, lento caminho. Um cruzamento entre a folk americana mais tradicional e um rock progressivo e experimental, envolvente, que se torna alucinante quando pincelado com o som eléctrico das guitarras e comovente na melancolia graciosa da voz de Heumann. Os solos instrumentais, presentes em praticamente todas as canções, umas vezes mais longos que outras, são absolutamente fundamentais. Exigem alguma paciência na escuta, mas acabam por ganhar uma imprevisivel vida própria, que nos dá uma viciante impressão de que qualquer coisa poderá acontecer. O melhor exemplo disso é The Rise, faixa com cerca de 11 minutos, que começa por ser uma canção épica e que acaba por se transformar num tema corrosivo, quase psicadélico, num processo improvisado de autodestruição que desestrutura todas as formalidades musicais. Este é um álbum que requer esforço, tempo e uma atenção redobrada, mas que já está, pelo menos neste plano, entre os grandes registos de 2007.
18/20
Rites of Uncovering, dos Arbouretum | Thrill Jockey
Edição: Janeiro de 2007
Faixas: Signposts and Instruments, Tonight's a Jewel, Pole Rider Blues, Ghosts of Here and There, Sleep in Shiloam, Mohammed's Hex and Bounty, The Rise, Two Moons.
Myspace: myspace.com/arbouretum
2 comentários:
Vou seguir o conselho e ouvir. Depois passo por aqui para opinar.
Aconselho vivamente a audição atenta deste Rites Of Uncovering (o álbum todo, claro)
No inicio custa um pouco a digerir, mas não tenho dúvidas que estamos perante um grande álbum.
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