"Seventh Tree", Goldfrapp (2008)
Gosto dos GOLDFRAPP. Sempre gostei. Gosto daquela arrogância britânica da Alison, da pacatez do Will. Gosto do imaginário que os rodeia. Gosto das capas dos álbuns e das canções. Gosto de tudo, pronto. Mais: acho que eles são uma banda importante, que marcam pela diferença, que têm um primeiro álbum fundamental, um segundo extraordinário e um terceiro bom, só bom, mas bom, ainda assim. E não me fez grande confusão a mudança vincada de uma electrónica resplandecente para uma outra mais escura e estridente. Pelo contrário, "Black Cherry" (2003) parece-me uma intelegentíssima continuação de "Felt Mountain" (2000), revelando um lado diferente de uma mesma moeda. Contudo, depois do modelo glam-disco ter sido explorado ao máximo em "Supernature" (2005) era, de facto, necessária uma viragem. Mas uma viragem aliciante e produtiva. Não uma marcha-atrás forçada até ao princípio de tudo que já se sabia que não ia dar grande resultado, tal é a singularidade irrepetível de "Felt Mountain". Só que em "Seventh Tree", o mui aguardado quarto LP dos Goldfrapp, a mudança de recuo parece ter sido mal engrenada, pois é apenas uma desfocada miragem do debute que se vislumbra. "Seventh Tree" não é carne nem é peixe. Não é bom nem é mau. É assim um meio termo algo desnecessário que eu espero que não seja um mau presságio para o futuro de uma banda que eu tanto estimo. É que se há, efectivamente, um assumido retorno às matérias orgânicas de "Felt Mountain", o resultado final é tudo menos idêntico ao inicial. "Seventh Tree" é bonitinho, é perfeitinho, é aquele puto irritante loiro de olhos azuis que joga futebol e fica sempre com a melhor miúda. "Felt Mountain" também era perfeito, mas era o puto brilhante atrás dos óculos, bem comportado na sala de aula, mas completamente atrofiado dentro de si. Se "Felt Mountain" era atípico, dicotómico, obsessivo, tanto era quente como frio, divertido como comovente, "Seventh Tree" é, basicamente, um dia solarengo passado no campo (bocejo...). É folk alegre e sorridente, é uma linha continua de electrónicas harmoniosas casadas com guitarras acústicas, crescendos tra-la-la e fogos de artificio (novo bocejo...). Tem os seus momentos, tem. Vamos lá ver, tem 3 ou 4 bons momentos, entre os quais Clowns e Happinness (as duas primeiras faixas). O resto é treta. Quer dizer, é treta porque são os Goldfrapp - se fossem outros provavelmente até os achava porreiritos. Mas estes são os Goldfrapp, eu adoro estes tipos e sei que eles fazem bem melhor do que isto. 12/20.
"Seventh Tree", dos Goldfrapp
Edição: 25 de Fevereiro 2008
Faixas: Clowns, Little Bird, Happiness, Road To Somewhere, Eat Yourself, Some People, A&E, Cologne Cerrone Houdini, Caravan Girl, Monster Love
Website: goldfrapp.co.uk
MySpace: myspace.com/goldfrapp
YouTube: A&E
"Seventh Tree", dos Goldfrapp
Edição: 25 de Fevereiro 2008
Faixas: Clowns, Little Bird, Happiness, Road To Somewhere, Eat Yourself, Some People, A&E, Cologne Cerrone Houdini, Caravan Girl, Monster Love
Website: goldfrapp.co.uk
MySpace: myspace.com/goldfrapp
YouTube: A&E
2 comentários:
por acaso fiz um comentario a este cd. E nao mudo de opinião. Não gosto
eu até gostei deste regresso, não estava à espera de nada de especial, e fiquei agradavelmente surpreendido com o regresso aos ambientes mais campestres :)
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