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Não fosse o facto de
"The Inevitable Rise and Liberation of NiggyTardust!" ter sido produzido por Trent Reznor, dos
Nine Inch Nails, e provavelmente nunca teria tomado conhecimento deste novo álbum de
SAUL WILLIAMS, disponível no site do cantor, sem distribuição física, desde Novembro de 2007 (*). Mas quem é, afinal, este americano que caiu no gôto de uma das mais brilhantes mentes criativas da actualidade? Williams assume-se principalmente como um poeta. E apesar de ter uma sólida carreira na música (já vai no quarto álbum) e até no cinema (escreveu e protogonizou o premiadíssimo "Slam", de 1999) são as palavras que o movem (acrescente-se que é licenciado em Filosofia). Influenciado pelos grandes MCs americanos, Saul tem conseguido um lugar de destaque entre os grandes do hiphop americano. No entanto, estamos muito longe do hiphop convencional, seja este mais comercial ou mais alternativo. O título do álbum, que joga com uma das mais famosas criações de
David Bowie, dá-nos algumas pistas sobre o seu som: Ziggy Stardust com travezinho nigga. Ou
hip-pop-rock, como já lhe quiseram chamar. Infelizmente, desta vez, Saul não consegue cumprir na fusão de todos estes estilos. E apesar da influência dos
Nine Inch Nails ser por demais evidente, sobretudo na incorporação de sintetizadores e electrónicas pesadas, acaba por se gerar um ambiente demasiado heterogéneo:
Black History Month é puro hiphop metralhado de subúrbios,
Convict Colony relembra os saudosos
Death From Above 1979,
Skin Of A Drum tem um delicioso aroma celta e
No One Ever Does é uma balada ao melhor estilo dos
Depeche Mode de "Ultra". Pois, uma baralhada. Mas há mais. Do álbum faz ainda parte uma cover de
Sunday Bloody Sunday, totalmente transfigurada, mas que vem comprovar uma certeza antiga: mexer nos escassos grandes temas dos
U2 dá mau resultado. "The Inevitable Rise and Liberation..." tem de tudo, de acordo com o gosto do freguês. Há aqui, sem dúvida, grandes temas - daqueles que enchem o ouvido e nos preenchem a alma -, mas fica a sensação de que algumas faixas podiam estar alinhadas de qualquer forma que dificilmente encaixariam juntas.
13/20.
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