sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

"Sawdust", The Killers (2007)

Regral geral, não se espera grande coisa de compilações de lados-b e outras ditas raridades. Salvo honrosas excepções, este género de álbum serve apenas para piscar graciosamente o olho ao bolso dos fãs e admiradores mais atentos e generosos, acabando por ser um grande desfiladeiro de demos, covers, remixs e alguns originais que por algum motivo ficaram de fora e que pouco ou rigorosamente nada adicionam à discografia dos seus artistas. Sawdust, dos The Killers, é mais ou menos isto. Mas poderia bem não ter sido. Depois de um Sam's Town que provocou violentos ataques cardíacos a muito boa gente que tinha feito profecias de que ali estava o futuro da música, esta era vista como uma boa oportunidade para os The Killers repararem as mágoas deixadas. No entanto, fiel às suas convicções, a banda de Las Vegas, com este Sawdust, mostra muito claramente que o álbum de 2006 não foi um erro discográfico e que o produto final correspondia às suas próprias expectativas. Aquele rock redondo e chorudo, imensamente preenchido e de tal modo dilatado que, por vezes, nos dá a impressão de ser muito maior do que a sua real dimensão é o cardápio quase exclusivo deste novo registo, recheado de orquestrações monumentais, onde tudo é grande e exagerado (ou disparatado), mas ao mesmo tempo irritantemente bonitinho e florido, ao ponto de se tornar enfadonho ao fim de duas ou três (vá lá, quatro) faixas. Estamos muito longe do glamour e do brilho da estreia, em Hot Fuss, e até aquele sintetizador que era a marca do grupo parece perdido no meio de tantos riffs e acordes colossais. No entanto, e tal e qual como em Sam's Town, salvam-se algumas faixas, sobretudo as covers. As versões de Shadowplay, dos Joy Division, mas também de Ruby, Don't Take Your Love To Town, dos First Edition e Romeo And Juliet, dos Dire Straits, são bons exemplos (sobretudo a primeira) de como fazer uma cover inteligente e sofisticada, preservando os elementos e o espírito iniciais e adicionando um toque moderno e pessoal. Where The White Boys Dance e um lado-b acústico, bem melhor que o original, de Sam's Town são devaneios muito interessantes que fogem com classe a toda aquela sinfonia rock, assim como o desanuviador remix final de Jacques Lu Cont (situando: Stuart Price, ex-menino querido de Madonna) para Mr. Brightside. Já Tranquilize, faixa de abertura e badalado dueto com Lou Reed tem um início promissor, mas logo se afoga em si mesmo, arrastando consigo a voz magnífica de Reed, que quase passa despercebida. Queiramos ou não estes já não são os Killers de Hot Fuss - os americanos mais british do planeta têm agora um estilo bem diferente do que aquele com que se deram a conhecer. Pode ser que num próximo álbum decidam experimentar coisas novas. Até lá, ficam as saudades. E uma pequena lembrança - Ready, let's roll onto something new... 11/20.

Sawdust, dos The Killers
Edição: 12 de Novembro, 2007 (Island)
Faixas: Tranquilize, Shadowplay, All The Pretty Faces, Leave The Bourne On The Shelf, Sweet Talk, Under The Gun, Where The White Boys Dance, Show You How, Move Away, Glamourous Indie Rock And Roll, Who Let You Go?, The Ballad Of Michael Valentine, Ruby, Don't Take Your Love To Town, Daddy's Eyes, Sam's Town (Abbey Road Version), Romeo And Juliet, Mr Brightside (Jack Lu Cont's Thin White Duke Remix)
MySpace: myspace.com/thekillers
YouTube: Shadowplay, Tranquilize

2 comentários:

Anónimo disse...

Es talvez o pior avaliador de sempre.
Este ultimo album esta muito bonito, tal como o sams town .
Devias era ter vergonha de avaliares um cd tao bom com uma nota tao ma

Anónimo disse...

espero que o próximo cd traga lembranças do hot fuss, que na minha opinião foi o melhor!
o sam's town eu também gostei, não tanto quanto o hot fuss, pois eles mudaram seu estilo...
porem nesse sawdust, eu realmente não gostei das musicas...
mas continuo fã, com esperança de que no próximo álbum, eles melhorem!