CONCERTOS: Tunng e Sons & Daughters no Sá da Bandeira
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No entanto, era, sem dúvida, para ver os Sons & Daughters que estavam ali aquelas escassas centenas de pessoas. E, antes de dizer seja o que for, garanto que foi esta a impressão com que fiquei: um dos concertos do ano. De camisa preta, calções bem curtinhos e umas botas até ao joelho, a carismática Adele Bethel entra em palco com um bom pedaço da sua perna à mostra para os olhos regalarem e um copo de vinho branco na mão (que, ao longo do espectáculo, trocou pelas mais variadas bebidas...). Com ela, a sempre serena Ailidh Lennon, no baixo, e ainda David Grow e Scott Petterson, na bateria e na guitarra, respectivamente. Sobre o concerto, de resto, há muito para lembrar, mas pouco para escrever. Irrepreensível. Obviamente liderados pela força dominante de Bethel, os Sons & Daughters têm um som absolutamente explosivo - e, acreditem, aguentam-no com uma pojança inacreditável. Um rock forte e barulhento, mas amigo do ouvido, propício à dança tresloucada, onde não falta uma bateria acelerada, uma guitarra imparável e, muitos, muitos gritos e palavras de ordem à mistura (sempre no tom certo) a saírem da boca da indomável vocalista. Para além da qualidade musical, os Sons & Daughters mostraram uma óptima relação com o público. A banda, de resto, é formada por 4 músicos só de si interessantes. Não só Adele se destaca, mas também o comunicativo guitarrista, o simpático baterista e a absolutamente deliciosa baixista, que manteve uma pose de total indiferença perante o mundo durante todo o concerto, o que acabou por se tornar numa deliciosa imagem de marca. Pontos altos? Tantos, todos. Mas Gilt Complex e Darling, temas de avanço do novo trabalho da banda, The Gift, a sair em 2008, mostraram ser já verdadeiros hinos indie, Johnny Cash é um clássico brutal e Dance Me In tirou muitas All Star coloridas do chão sujo do Sá da Bandeira. Num ápice chegaram ao fim - ainda se pediu um encore, mas exigir mais do que aquela inesquecível hora e meia seria muito complicado...
Depois da glória dos Sons & Daughters subiu imediatamente DJ Jean Nipon, o verdadeiro nerd irrequieto, que ofereceu um estranho e irregular DJ set, deambulando pelos mais variados géneros musicais, mas que, confesso, nem sequer esperei que terminasse. Lá fui para casa, com um frio de rachar, mas feliz e a cantarolar She has a gilt complex break her neck...
Novo single: "Darling" - Sons & Daughters (This Gift, Jan/2008)
PS: Achei que nem valia a pena esperar para ver o DJ set dos Black Strobe uma vez que Arnaud Rebotini, uma das metades do grupo, com o seu bigode farfalhudo e a sua pose de cowboy machão se intrometeu ao longo de toda a noite no palco, durante os concertos, e andou por lá, no meio da plateia, a fazer-se a tudo quanto era gente... Uma personagem!
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