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2007 já nos deu o sofisticado
Odd Size Baggage, dos
Micro Audio Waves, um registo que marcou de forma muito positiva o panorama nacional da música electrónica. Agora, são os
Umpletrue que surpreendem com o seu primeiro longa-duração,
Fab Fight, depois de dois promissores EPs. Formados por Carlos Martins (voz e programação), ex-ZedisANeonLight, José Carlos Duarte (bateria), dos Dapunksportif, e Tiago Granja (guitarra e laptop), os
Umpletrue fazem parte do catálogo da Cobra Discos, a editora fundada por Adolfo Luxúria Canibal e alguns membros dos Mão Morta. Apesar de terem um som bem distinto dos MAW, o campo de batalha dos
Umpletrue é o da electrónica - a presença de guitarras, baixos e baterias é constante e fundamental, mas a sua espinha dorsal está bem erguida nas estruturas electrónicas que se desenvolvem ao longo de todo o disco. Fugindo aos perigosos caminhos do minimalismo e do experimentalismo, mas sem nunca cair numa pop fácil e ligeira,
Fab Fight é um álbum de excelentes e empolgantes canções, que quase nunca perde o ritmo e revelador de uma grande maturidade musical da banda da Marinha Grande. Aliás, parece ser nas vivências pós-industrias da sua cidade que os
Umpletrue foram buscar as maiores influências - colorido com batidas de vários tons de cinzento, o álbum reflecte um lado underground muito forte onde as noções de abandono, esquecimento ou decadência parecem ser os motores de uma urgência em dar vida a uma urbe fantasma.
N.Y,
7 Days, Night Club Dance,
Fab Fight ou
Something são temas extraordinários que nos trasportam, através de um electro-rock viciante, para uma muito escura pista de dança clandestina onde cada um se liberta das suas angústias e tormentos. Com baterias aceleradas, distorções vocais e mil e uma texturas criadas em computador,
Fab Fight conta ainda com as agradáveis participações vocais femininas em
Such A Good Deed e
Budapest In T. Acessíveis, sem grandes pretensões, os
Umpletrue sabem que a música deles não vai mudar o mundo, mas o que talvez não saibam é que acabaram de dar mais um empurrãozinho para a electrónica nacional sair do armário. Passam a saber.
16/20.
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