domingo, 29 de abril de 2007

"Favourite Worst Nightmare", Arctic Monkeys (2007)

Não há grande consenso em relação aos Arctic Monkeys, não. Whatever People Say I Am, That's What I'm Not, o primeiro registo de originais, chegou mesmo a ganhar o cobiçado Mercury Prize e foi eleito pela NME e pela Time, por exemplo, como o disco do ano de 2006. Tanto alarido acabou por criar a sensação de que estávamos perante um fenómeno ligeiramente inflaccionado. Os Arctic Monkeys são uma banda simpática, com um rock acelerado e uma sonoridade eficaz, mas não tão brilhantes como os fizeram querer parecer. Por isso, mais do que nunca, o segundo álbum seria o passo fundamental de uma carreira. Favourite Worst Nightmare foi uma aposta inteligente. Nestas coisas dos segundos álbums, os artistas têm sempre duas opções: arriscam ou jogam pelo seguro (e viva o cliché!), sendo a segunda opção a mais eficaz no que diz respeito a evitar um (quase sempre) irremediável apupo. Os Arctic Monkeys sabem que, hoje em dia, a dança das cadeiras da indústria musical não deixa um, mas sim vários de fora e apostaram no jogo seguro. O que não significa que este novo álbum não seja consideravelmente melhor do que o primeiro. É. Bem melhor, até. Conseguiram acelerar ainda mais o seu rock, o que acaba por marcar um certo estilo, refinaram-se na composição, estão mais sólidos e quase, quase convincentes.

A primeira parte do álbum, de Brianstorm a Fluorescent Adolescent, é um verdadeiro tornado capaz de fazer estremecer o que quer que lhe passe pela frente. Canções rápidas e curtas, batidas certeiras, sempre acompanhadas por um som electrizante. Quando damos por nós, já lá está o pézinho a abanar. E é isso que eles querem. Aliás, e talvez seja esse o seu maior pecado, este é um álbum pensado ao pormenor para ter sucesso. A banda encontrou cedo a fórmula mágica para manter um ouvido entretido e aplicou-a em praticamente todos os temas. E é por isso que faixas ou momentos mais relaxados, que fogem à regra, cuja expressão máxima é Only Ones Who Know, pausa estratégica para nos refazer do frenezim anterior, são o seu calcanhar de aquiles. Peças soltas que não encaixam neste puzzle. No entanto, quando o som falha, há sempre uma poderosa arma de recurso: a versátil e inconfundível voz de Alex Turner, fundamental para acompanhar as guitarras e essencial para dar cor a algumas canções mais cinzentas. Favourite Worst Nightmare é um pesadelo digno de alguma nota, mas longe de ser o nosso preferido. Por muito rápidos que os Arctic Monkeys sejam, ainda lhes falta uma longa maratona até chegarem à genialidade dos The Strokes, a quem piscam o olho algumas vezes, ou dos Franz Ferdinand. Não chumbaram no teste, mas também não passaram com distinção.

15/20


Favourite Worst Nightmare, dos Artic Monkeys | Domino
Edição: 23 de Abril, 2007
Faixas: Brianstorm; Teddy Picker; D Is for Dangerous; Balaclava; Fluorescent Adolescent; Only Ones Who Know; Do Me a Favour; This House Is a Circus; If You Were There; Beware; The Bad Thing; Old Yellow Bricks; 505
MySpace: myspace.com/arcticmonkeys

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