FLASHBACK: "Push It", Garbage
Vou ser o mais fraco possível: olhar para aquilo que os Garbage foram e aquilo que são hoje é das coisas que mais mexe comigo. É impressionante como umas das bandas que mais me entusiasmou - a mim e a tantos outros - durante a década de 90, na qual investi tanto tempo e dinheiro, se tornou agora num dos mais enjoativos e desinteressantes grupos da actualidade. Punha as mãos no fogo por eles, garanto. E queimei-me - de que maneira. Depois de dois primeiros álbuns brilhantes e absolutamente fundamentais na cena pop/rock e um terceiro (Beautiful Garbage) que, apesar de não ser uma obra-prima (não me incomoda tanto como a alguns, que vêem aqui o início do fim - o que não deixa de ser um pouco verdade), mostrou um lado diferente da sua sonoridade e até uma nova forma de fazer "lixo", os Garbage brindaram-nos com um dos mais melosos e bacocos álbuns de 2005, Bleed Like Me. Era impossível que não se separassem depois disso. Assim foi - estiveram num longo período de hiato, mas voltaram, discretos, com uma compilação, Absolute Garbage, saída no mês passado. E se a esperança de que iriam assumir frontalmente o grave erro anterior ainda resistia, esta foi enfraquecendo quando escutei o primeiro single saído do álbum, Tell Me Where It Hurts e, posteriormente - nova facada no peito -, a faixa-bónus disponível com o download via iTunes, All The Good In This Life. Até dói ouvir num mesmo disco tamanho abismo entre as faixas iniciais e as que o encerram.
Por isso, para desanuviar, achei por bem recordar um tema que tem já quase 10 anos, mas que continua e continuará sempre a ser uma grande canção - Push It, do segundo álbum, Version 2.0. Poderia ter escolhido tantas outras: Supervixen, Only Happy When It Rains, Vow, Milk, Stupid Girl, Queer, I Think I'm Paranoid, Wicked Ways, When I Grow Up. Tantas, tantas. Optei por esta por ser um tema de uma garra, uma pujança e uma entrega que é muito raro encontrar nos dias de hoje. Também pela letra e pelo extraordinário vídeo, realizado por Andrea Giacobbe. E depois compare-se isto com aquela salada de instrumentos - com tanta polpa de tomate que, não só enjoa, como perde todo o sabor - que a banda nos serviu há dois anos e que, pelos vistos, continua a cozinhar. Este é um tema da altura em que os Garbage ainda eram bons. Muito bons. Da altura em que conseguíam ser uma banda de massas e simultaneamente manter aquela aura alternativa que os tornava numa das bandas mais relevantes e excitantes de então. Ou seja, tudo aquilo que não são hoje.
4 comentários:
:) Concordo plena e integralmente com este teu post. Coloquei há algum tempo esta mesma música dos Garbage - Push It. Lembro-me que a ouvi vezes sem conta, para mim, uma das melhores músicas dos anos 90. Lamento imenso o desaproveitamento destes 4 excelentes músicos. Por mais estranho que pareça ainda estou à espera que eles acordem deste sono de mau gosto e voltem ao que eram - criativos, rebeldes, cheios de energia.
Pois. Por mais que «me tente enganar», os Garbage foram uma das melhores bandas dos anos 90. Aquela música, aquele ambiente, aquela Shirley Manson conseguia mexer com os sentimentos dos ouvintes... Ainda me recordo a primeira vez que vi a banda na TV: «Queer» era tudo e mais alguma coisa. Estranho, lânguido, rock, sujo, «completamente fora» (como se diz hoje em dia), mas ao mesmo tempo cool, in, etc., etc., etc. «Only Happy When It Rains» é e será um hino para a vida. Tal como «# 1 Crush», «Vow», «Hammering My Head»,......................... Porém, continuo a questionar-me: ONDE ANDA A COMPILAÇÃO DE B-SIDES????????????????????????????????????????????????????????????????
Estás a falar daquele famoso bootleg B-Sides And Other Oddities?
Realmente, os 3 primeiros albuns ficaram na história...
Mas até a Bjork se perdeu em seus ultimos discos.
Parece que mander a criatividade em longos períodos é algo difícil.
Enviar um comentário